ATA DA DÉCIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 22.03.1999.

 


Aos vinte e dois dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães e Sonia Saraí. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, João Motta, Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco e Gilberto Batista. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Décima Primeira Sessão Ordinária e da Segunda Sessão Solene que, juntamente com a Ata da Décima Sessão Ordinária, foram aprovadas. À MESA foi encaminhado, pelo Vereador Leão de Medeiros, o Projeto de Lei do Legislativo nº 18/99 (Processo nº 850/99). Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador Nereu D'Ávila, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 10/98 (Processo nº 1745/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/99, do Vereador Orlando Machado da Silva, Presidente da Câmara Municipal de Venâncio Aires/RS; 551/99, do Senhor Celso Bittencourt dos Anjos, Secretário de Estado da Saúde/RS; 74/99, da Senhora Maria do Carmo Porto Oliveira, da Assessoria Parlamentar do Ministério da Saúde. A seguir, o Senhor Presidente registrou que, em função de Licença para Tratar de Interesses Particulares solicitada pelo Vereador João Verle e aprovada no dia 19 de março do corrente, a Suplente Sonia Saraí assumirá a vereança a partir do dia de hoje, integrando a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Eloísa Fortuna, Presidenta da Associação Comunitária União da Represa, que discorreu a respeito de problemas de infra-estrutura e de saneamento básico enfrentados pela comunidade da Chácara da Represa, solicitando providências do Executivo Municipal no referente ao assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, informou ter visitado o local onde foram constatados os problemas descritos pela Senhora Eloísa Fortuna. Criticou o Executivo Municipal, pela falta de medidas para solucionar esses problemas, salientando a precariedade das condições de abastecimento de água da Chácara da Represa, devido à contaminação dos lençóis freáticos existentes na região. O Vereador João Dib referiu-se ao pronunciamento efetuado pela Senhora Eloísa Fortuna, mencionando a rejeição de Emenda aposta ao Projeto de Diretrizes Orçamentárias para o corrente ano, a qual destinava recursos para obras na região da Chácara da Represa, e destacando a necessidade de adoção de medidas urgentes para alterar o quadro de falta de água observado no local. Na oportunidade, o Senhor Presidente destacou as disposições regimentais que vedam a realização de manifestações nas galerias do Plenário, e registrou a presença do Deputado Estadual Denilson Marcon. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão teceu considerações a respeito de problemas estruturais observados nas vilas de Porto Alegre, cobrando uma atuação mais incisiva do Executivo Municipal na melhoria das condições de vida da população mais carente da Cidade. Também, comentou medidas de caráter econômico e administrativo adotadas pelo Governo do Estado, afirmando estar ocorrendo um comprometimento da arrecadação tributária e da geração de empregos no Rio Grande do Sul. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou estar a Vereadora Sonia Saraí procedendo à distribuição de cartão e de ramos de marcela aos Senhores Vereadores. Também, o Vereador Luiz Braz formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que a Presidência da Casa interceda no sentido de agendar reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente com o Executivo Municipal, a fim de debater a questão. Após, o Senhor Presidente registrou as presenças do Vereador Paulo Salamuni, da cidade de Curitiba/PR, e da Senhora Elaine Paz. Ainda, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito da Licença para Tratar de Interesses Particulares do Vereador João Verle e, face à manifestação do Vereador Luiz Braz, prestou esclarecimentos a respeito do andamento da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Guilherme Barbosa analisou dados relativos à propriedade e às circunstâncias nas quais ocorreu a instalação das famílias que ora ocupam a Chácara da Represa, salientando que as obras de infra-estrutura que vêm sendo realizadas no local não podem ser concluídas a curto prazo devido à sua complexidade. Também, referiu-se ao pronunciamento da Vereadora Clênia Maranhão, de críticas à atuação do Governo Estadual. Na oportunidade, o Vereador Luiz Braz, através de Questão de Ordem, manifestou-se a respeito do pronunciamento do Vereador Guilherme Barbosa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol teceu críticas ao Executivo Municipal pela falta de ações destinadas a solucionar os problemas enfrentados pelos moradores da Chácara da Represa. Também, analisou medidas adotadas pelo Governo do Estado, no sentido de cancelar o repasse previamente ajustado de recursos destinados ao financiamento das obras de instalação de montadoras de automóveis no Rio Grande do Sul. Na oportunidade, os Vereadores Luiz Braz e Guilherme Barbosa manifestaram-se a respeito de dados relativos à área abrangida pela Chácara da Represa. Às quatorze horas e cinqüenta e sete minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo retomados às quinze horas, constatada a existência de "quorum". Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt, referindo-se a pronunciamentos anteriormente efetuados pelo Vereador Guilherme Barbosa, discorreu a respeito das pichações e atos de vandalismo praticados contra bens públicos, mencionando a derrubada do Veto Total aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 66/97, de autoria do Vereador Reginaldo Pujol, que disciplina a venda de tintas em "spray" no Município de Porto Alegre. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou as presenças do Vereador Paulinho de Castelo, do município de Viamão/RS, do Senhor Anairton de la Torre, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do Município de Viamão/RS, e do Senhor Humberto Scorza. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Vereadora Sonia Saraí, que externou sua alegria em assumir a vereança neste Legislativo, manifestando sua disposição em trabalhar pela qualificação das organizações de caráter social no Município. Também, procedeu a análises sobre a atual conjuntura econômica e política brasileira e mencionou a figura histórica de Zumbi dos Palmares, como símbolo da luta das classes menos favorecidas em busca de melhores condições de vida. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Paulo Lari, do município de Viamão/RS. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 13/99, discutido pelos Vereadores João Dib, João Carlos Nedel, Renato Guimarães, José Valdir e Guilherme Barbosa; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 177 e 168/98, este discutido pelo Vereador Renato Guimarães, o Projeto de Lei do Executivo nº 03/99, o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/99, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 08, 10 e 12/99, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/99, o Projeto de Lei do Executivo nº 02/99, discutido pelos Vereadores João Dib, João Carlos Nedel e Guilherme Barbosa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann informou ter enviado correspondência ao Governo do Estado, sugerindo a apresentação, à Assembléia Legislativa, de Projeto de Lei disciplinando a aplicação dos dispositivos constitucionais que consagram o princípio da função social da propriedade, destacando que tal legislação traria benefícios aos Municípios gaúchos ao normatizar questões relativas à ocupação do solo em áreas urbanas e rurais. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença da ex-Vereadora Bernadete Maciel, do Município de Esteio/RS. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Paulo Brum, adendado pelo Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Após, foi aprovado Requerimento da Vereadora Helena Bonumá, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Giovani Gregol, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 158/97, considerando-se aceito o Veto Total a ele aposto, por nove votos SIM, dezoito votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ter sido discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Juarez Pinheiro, Clênia Maranhão, José Valdir, Luiz Braz, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, João Motta, Maristela Maffei, Cyro Martini, Giovani Gregol e Elói Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco e Gilberto Batista, Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Bosco Vaz, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Renato Guimarães, Sonia Saraí e Giovani Gregol, tendo optado pela Abstenção o Vereador João Dib, que apresentou Declaração de Voto. Na ocasião, os Vereadores João Dib, Tereza Franco, Carlos Alberto Garcia e Antônio Losada cederam seus tempos de discussão aos Vereadores Reginaldo Pujol, Luiz Braz, Cláudio Sebenelo e Giovani Gregol, respectivamente. Ainda, o Senhor Presidente solicitou aos Senhores Vereadores que se ativessem ao tema em debate durante o período de discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 158/97, tendo os Vereadores Luiz Braz e Juarez Pinheiro, através de Questão de Ordem, manifestado-se a respeito. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Federal Henrique Fontana. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi votado o Projeto de Lei do Legislativo nº 11/98, com Veto Total a ele aposto, tendo recebido doze votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser discutido pelo Vereador Adeli Sell, tendo votado Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Renato Guimarães e Giovani Gregol e optado pela Abstenção os Vereadores Carlos Alberto Garcia e Hélio Corbellini, votação esta considerada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de "quorum" deliberativo. Às dezoito horas, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell, Eliseu Sabino e Paulo Brum, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Nós queremos reafirmar que, a partir de hoje, a Vera. Sonia Saraí encontra-se em substituição ao Ver. João Verle, que solicitou licença pelo motivo de ter sido convidado pelo Exmº. Sr. Governador do Estado para assumir a Presidência do BANRISUL. Posteriormente, Vera. Sonia Saraí, já com a presença dos demais Senhores Vereadores e com a concordância das Lideranças da Casa, vamos conceder a V. Exa. cinco minutos para que V. Exa. possa pronunciar-se nesse dia tão especial para esta Casa e para V. Exa.

A Vera. Sonia Saraí integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, conforme já apregoado pelo Sr. Presidente Nereu D’Ávila na Sessão de sexta-feira passada.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Sra. Eloísa Fortuna, Presidente da Associação Comunitária União da Represa, está com a palavra pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

A SRA. ELOÍSA FORTUNA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Venho novamente à presença dos Srs. Vereadores desta Câmara Municipal, aproveitando mais uma vez esse espaço livre, para a manifestação dos direitos dos cidadãos. Todos já sabem dos nossos problemas: as carências que a população, da qual eu sou representante, está ainda sofrendo de infra-estrutura precária. Está cada vez mais insuportável continuar vivendo assim, sem termos sequer o direito de viver adequadamente, ou seja, esgoto a céu aberto, água superprecária, luz fraca, pois puxamos mais de mil metros do contador de luz. Existem vários desvios de luz, tudo isso porque o Poder Público acha que nós não existimos. Na outra manifestação que fiz, somente três Vereadores foram ver a nossa triste realidade, sendo que apesar de toda a sua dedicação, eles, infelizmente, têm poucas condições para nos ajudar. Mas continuam juntos com os moradores nessa luta e esperamos melhorar, o mais breve possível. Esses Senhores Vereadores foram lá interessados em ver as três mil pessoas que vivem lá precariamente, crianças, adultos, pessoas idosas e doentes têm que se submeter a carregar potes de água, por muitos metros, para poder tomar uma água potável.

No Estatuto da Criança e do Adolescente consta que o Governo e o Prefeito deveriam proporcionar uma vida mais digna para a sua população. Deve haver um grande equívoco, pois estamos escanteados. Como fazer valer os direitos que estão escritos nos artigos 7 a 14 que dizem: “O direito à vida e à saúde”?

Do art. 15 ao 18: “O direito à liberdade e à dignidade”?

Do art. 19 ao 24: “Do direito à convivência familiar e comunitária”?

Do 53 ao 69? “Do direito à educação, esporte e lazer?”

A realidade dos senhores é bem diferente da nossa. Nem pensamos como será o século XXI, pois estamos vivendo ainda em condições precárias, pré-históricas.

O que ocorre na vida de cada um dos senhores é bem diferente da nossa. Já estamos cansados de chegar em casa, depois de um dia de trabalho, e não podermos tomar nem um banho decente. Às vezes, não podemos nem ligar aparelhos elétricos por causa das quedas de luz.

Quando chove, nem vou falar, vou filmar para mostrar para os senhores.

Hoje estou aqui, novamente, pedindo e suplicando a ajuda de vocês, porém, se não obtivermos algo concreto, o mais rápido possível, eu, Eloísa Fortuna, Presidente da Associação Comunitária União da Represa, iremos aos órgãos de comunicação e faremos manifestações em frente à Prefeitura e ao Palácio Piratini porque, realmente, não temos mais condições de continuarmos sofrendo.

Imaginem se Porto Alegre não fosse a capital da qualidade de vida! O que queremos é que esta Câmara nos ajude a termos água, luz, e nossa vida regularizada.

Não entendemos como esta Câmara rejeitou uma Emenda Orçamentária para levar água a nossa vila, retirando a nossa dignidade. A Câmara votou contra nós e a Prefeitura nada fez para melhorar a situação, prometeu e não cumpriu.

Agradecemos e esperamos que Deus ilumine os Senhores para que possam se conscientizar quanto a esse problema, e nos ajudar o mais breve possível.

Com certeza, se tivéssemos condições, não estaríamos sofrendo desse jeito.

No mapa de Porto Alegre de 1999 consta: ruas planejadas. Não queremos mais continuar pagãos perante a comunidade e a sociedade. Estamos localizados na Rua Dr. Dario, 24, Chácara dos Bombeiros, Bairro São José, Partenon.

Como cidadãos que somos, temos absoluta consciência de nossas obrigações eleitorais. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Convido a Sra. Eloísa Fortuna para fazer parte da Mesa. Com a palavra o Ver. Luiz Braz em Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhoras e senhores; Sra. Eloísa Fortuna, Presidente da Associação Comunitária União da Represa. Fomos lá, ver no local a situação vivida pelas mais de 3000 pessoas que vivem ali no bairro São José. Vimos de perto a inoperância do Poder Público, vimos de perto o desleixo das autoridades municipais para com os senhores. Verificamos que nem mesmo um agente de saúde se dirige para aquela comunidade para ensiná-la como captar água de um modo mais saudável, orientá-la a utilizar, mesmo que rudimentarmente os meios que se tem para tornar a água mais potável, ou para viver em condições mais saudáveis. Simplesmente, aquela comunidade está esquecida, e não é porque as lideranças da União da Represa não reclamam, porque a Dona Eloísa Fortuna, já veio aqui pela segunda vez ocupar a tribuna popular. As outras lideranças, com as quais eu conversei, todas elas têm levado até às autoridades municipais os seus reclames, os seus anseios, buscando fazer com que as necessidades mínimas vividas por aquela população possam ser atendidas. E eu vi que em 1997, até mesmo a ação para participarem do Orçamento Participativo, esse malfadado Orçamento Participativo, até a isso a comunidade se curvou e reunindo um grande número de pessoas, esta comunidade participou do Orçamento Participativo. Ver. Pedro Américo Leal, apesar do grande número de pessoas que foi até o orçamento Participativo reivindicar água, Vereador, não foi para reivindicar nenhuma benesse maior, água, que é indispensável à vida das pessoas, apesar disso nada aconteceu. Apesar disso, basta que os Senhores possam verificar, como eu fui verificar lá na Chácara da Represa, essas pessoas continuam tomando água de esgoto, porque os poços, como são bastante artificiais, aquelas água que correm sobre o chão acabam penetrando no solo e fazem parte da água que os senhores e as senhoras tomam. É por isso que eu peço aos Vereadores petistas que verifiquem, na pele daquelas crianças que ali estão, as feridas nas suas peles, provocadas exatamente pela água insalubre. Verifiquem as condições de saúde daquelas pessoas que lá estão. Ou será que o PT só vai na Chácara da Represa em busca de votos? Porque o PT foi lá, esteve lá para prometer a regularização da Vila, esteve lá para fazer promessas. Mas onde estão as soluções simples que pedem as pessoas que moram na Chácara da Represa? Elas querem água Vereador! Precisaram ir até o Orçamento Participativo e, mesmo assim, ainda não conseguiram a água indispensável para as suas vidas. Agora vem novamente aqui a presidente da Associação clamar para que os Vereadores, para que esta Câmara possa fazer alguma coisa no sentido de pressionar as autoridades e diz que se não houver nenhum tipo de ação, ela vai trazer a comunidade para que esse clamor seja feito em frente ao Paço Municipal, e em frente ao Palácio, onde se encontra o Dr. Olívio Dutra. Eu acredito que esta, realmente, Sra. Eloísa Fortuna, será uma das possibilidades. Eu não digo que será a solução, porque o PT, muitas vezes, se mostra insensível e, desta vez, com relação à necessidade da Chácara da Represa, o PT está se tornando insensível, pois nada faz, nenhuma resposta deu aos clamores que a Senhora e a comunidade trouxeram na última vez que aqui estiveram. Eu espero que hoje haja algum tipo de resposta e algum tipo de movimento e que aquele voto que não foi dado à Emenda do Ver. João Carlos Nedel, que queria que no Orçamento pudesse constar alguns minguados para levar a água até a Chácara da Represa, que hoje essa negativa possa ser resgatada, com o endereçamento dessa comunidade para os setores que devem resolver esses problemas. Espero que o DMAE e a Prefeitura possam assumir suas responsabilidades, mas que esta comunidade possa ter direito à vida e à àgua. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, minha cara Sra. Eloísa Fortuna, Presidente da Associação Comunitária União da Represa, antes de mais nada, eu desejo dizer a V. Sa. que não foi a Câmara, como um todo, que rejeitou a Emenda proposta pelo Ver. João Carlos Nedel, para que 150 mil reais fossem destinados a abastecer área tão necessitada. Foi a Bancada do PT e mais alguns outros; o lado de lá foi todo favorável.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu tenho alguns orgulhos na minha vida. Um deles é o de ter sido Diretor-Geral do DMAE por duas vezes. No meu tempo, as coisas funcionavam diferentemente. O meu tempo é o tempo do Prefeito Villela, do Prefeito Telmo Thompson Flores, do Prefeito Célio Marques Fernandes.

Eu quero mostrar, aqui, algo diferente do que hoje acontece. Lá, no DMAE, está plantada, como Diretor-Geral, uma pessoa que não tem competência legal para ser Diretor-Geral. Talvez por isso as coisas não ocorram com mais celeridade. Contra a lei está lá uma pessoa respondendo pela direção-geral.

Foi dito aqui que talvez se fizesse uma movimentação na frente da Prefeitura. Eu gostaria de dizer que a Tribuna Popular, duas vezes por mês, às quintas-feiras, poderá ser feita na frente da Prefeitura, o que é uma grande idéia.

Mas eu gostaria de mostrar o tratamento dado anteriormente e o tratamento que hoje se dá. No dia 13 de dezembro de 1975, eu era Diretor-Geral do DMAE e fui à Câmara Municipal, presidida pelo Sr. José César de Mesquita. Disse-lhe que eu precisava de um Projeto de Lei autorizando ligações de água para serem parceladas em até trinta vezes, pedindo, ao mesmo tempo, autorização da Câmara para que as ligações nas subabitações, das pessoas que não pudessem pagar, fossem gratuitas. Eu lembro bem do presidente César de Mesquita me dizendo que era praticamente impossível me atender, pois estávamos no dia 13 de dezembro, e as atividades se encerrariam no dia 15, com a eleição da nova Mesa. Eu lhe disse: “Exatamente por isso eu aceito que o Senhor aprove a lei até amanhã”. Vinte e quatro horas depois, estava aprovada a lei. Alguns dias depois, a Lei 4087estava sancionada e publicada no Diário Oficial, lei que era para atender às pessoas menos aquinhoadas que precisavam de água.

O Ver. Reginaldo Pujol aí está. Nós fomos levar água para a Vila 1º de Maio, que não tinha condições de pagar; nós levamos a água para o Morro da Cruz, que não tinha condições de pagar. Nós não encontrávamos dificuldades.

Foi citada aqui uma série de leis e artigos da Constituição, mas vamos ficar em Porto Alegre mesmo. A Lei Orgânica diz, no seu artigo 158, no Capítulo da Saúde: “O Município promoverá, em conjunto com a União e o Estado, condições dignas de trabalho, saneamento, moradia, alimentação, educação, transporte e lazer”. Ninguém consegue saúde e saneamento sem água - e está escrito na Lei Municipal. Mas parece que a preocupação da Prefeitura é encontrar obstáculos. A Brigada Militar não deixa passar nas suas terras a rede de água? É porque não foram falar. Mas agora até ficou mais fácil, é tudo igual, é tudo PT. Mas tenho absoluta convicção de que a Brigada Militar é maior que o PT, é maior que cada um de nós, porque tem mais de cento e sessenta anos de história, e nunca se negou a atender a um reclame da coletividade, que também seria benéfico, no caso, para ela. Então, não estou entendendo por que colocam dificuldades de toda sorte. Colocamos água em 98% desta Cidade, e não foi agora; tínhamos em 72, 73, 74, 75 e continuamos tendo, porque nós tínhamos a preocupação de servir. E não se pode pensar em saúde e saneamento sem o mínimo indispensável, que é a água tratada, a água potável, fazendo com que nossos filhos sejam protegidos daquelas verminoses, daquela série de problemas que a água não-tratada traz para a saúde de todos nós. Portanto, não entendo, talvez uma Tribuna Popular em frente à Prefeitura Municipal, que também está prevista em lei, no artigo 100 da Lei Orgânica, consiga comover o douto Prefeito que implanta um Diretor no DMAE que não tem condições. Saúde e paz. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quero comunicar aos nobres munícipes visitantes, que aqui estão honrando-nos com suas presenças, que o nosso Regimento proíbe manifestações quer de aplauso, quer de desaprovação ou vaia. É uma incumbência minha reproduzir o Regimento, não é nenhuma descortesia para com as pessoas que tão gentilmente nos visitam. Até acredito que futuramente o Regimento será corrigido, mas sou obrigado a, em nome do Regimento, solicitar que não se manifestem com aprovação ou desaprovação. Não é nenhuma descortesia que este Vereador está fazendo aos visitantes, repito: é um prazer ter visitantes, é sempre uma alegria recebê-los.

Registro a presença do Dep. Denilso Marcon, do PT, com a nossa saudação.

A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Srs. representantes da Associação Comunitária União da Represa, Sra. Eloísa Fortuna, Presidente, lideranças comunitárias, moradores desta comunidade que ocupam este Plenário na luta justa e legítima de porto-alegrenses na busca de infra-estrutura necessária para a vida de suas famílias. Uso o tempo de Liderança da minha Bancada, o PMDB, falando em meu nome e do Ver. Fernando Záchia, para reafirmar aqui as preocupações que foram colocadas pelos Vereadores que me antecederam. A situação da população que ocupa aquela região no Partenon, Vila Vargas, Volta da Cobra, acima, ao lado também do Presídio é exatamente a realidade que foi descrita pela presidente da Associação que falou desta tribuna: as condições mínimas de higiene não são garantidas, porque não há nenhuma condição de tomar água saudável pela ausência, em quase toda aquela região, de infra-estrutura necessária. A situação, além de ser extremamente grave, é mais preocupante, porque atinge praticamente três mil famílias que habitam aquela região. Grande parte do clamor da população, e das reivindicações da comunidade que chegam a esta Casa nos últimos dias, têm sido nessa área da luta da população de Porto Alegre para que a Prefeitura garanta infra-estrutura, saneamento, água e esgoto para a população das vilas. Temos de tomar novas iniciativas, novas medidas, além daquelas que temos tomado, enquanto Vereadores, nos solidarizando com as lideranças comunitárias que ocupam esta tribuna, denunciando a situação de absoluto abandono e extrema carência que vive grande parte da população das vilas de Porto Alegre. Temos que nos somar a todas as pressões políticas que forem necessárias para que o Executivo Municipal, para que a Prefeitura de Porto Alegre, cumpra com a sua responsabilidade de Poder Público nesta Cidade.

Quero dizer aos Senhores que as suas presenças aqui são extremamente importantes, porque assim nós podemos, cada vez mais, divulgar essa realidade, solidarizando-nos com às suas lutas e procurando uma solução muito mais urgente e imediata para os problemas.

Por outro lado, tenho a obrigação de dizer que, enquanto gaúcha, me sinto assim, como os demais gaúchos deste Estado, que estão acompanhando, através da imprensa, desde ontem, algumas medidas governamentais que seguramente não vão contribuir para a entrada de recursos necessários para a construção de habitação, para o desenvolvimento da infra-estrutura, para a colocação de água nas vilas e a construção de habitação popular. Nós vemos que as medidas tomadas, ou pelo menos anunciadas pelo Governo do Estado, que é do mesmo Partido que governa a Prefeitura, têm o objetivo de romper os contratos do Estado do Rio Grande do Sul, contratos esses definidos por Lei e que evitarão seguramente a continuidade do processo de desenvolvimento que este Estado iniciou através do Governo anterior. Ameaçado o processo de desenvolvimento por quê? Porque quando um governo não cumpre a sua palavra, ele não mostra credibilidade, e não mostrando credibilidade, evidentemente não estimula a entrada de indústrias, a entrada de empregos, a entrada de impostos e a entrada de recursos, que são fundamentais para qualquer governo que deseja aplicar na área social.

Quero dizer que tudo faz parte de uma proposta política que tem que ser questionada. Como têm dito vários políticos, de vários partidos, poderá ter conseqüências desastrosas para o Rio Grande. Portanto, é hora da unificação de todos na procura e na busca da preservação dos empregos e da aplicação dos recursos na área social da nossa Cidade.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sonia Saraí hoje, oficialmente, tomará posse tendo em vista o afastamento do Ver. João Verle, que aguarda sua posse no BANRISUL.

A Vereadora está gentilmente distribuindo um cartão de sua autoria e um pequeno maço de macela, que é o símbolo da Páscoa. Portanto, um gesto muito sensível. A presença feminina aumentou nesta Casa, como já foi registrado no início da Sessão Legislativa, e essa presença traz esses gestos que nos encantam, que são de sensibilidade e de muito carinho.

Em nome dos Vereadores, agradecemos a gentileza da macela recebida. Vamos fazer um chazinho para nos acalmar.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Senhor Presidente, acredito que essa questão trazida pela senhora Eloísa Fortuna, e por toda essa comunidade da Chácara da Represa, seja alguma coisa tão urgente para ser resolvida, que precisaria, imediatamente, de uma ação da Câmara.

Há mais do que essa Tribuna Popular da qual acabamos de participar. Acredito que aqui na Casa, a nossa Comissão de Saúde e Meio Ambiente poderá continuar tratando do caso, mas pedimos todo o respaldo por parte de V. Exa., que é o Presidente da Casa, a fim de que possamos imediatamente conseguir uma audiência junto ao senhor Prefeito Municipal para que essa população possa ter água para tomar.

 

O SR. PRESIDENTE: Muito bem lembrado, Vereador. Quero dizer à Presidente da Associação, aos moradores que a acompanham nesta tarde, aqui na Câmara, que envidaremos os esforços que estiverem ao nosso alcance, evidentemente, usando a prerrogativa de Presidente, para que, através dos mecanismos legais da Comissão de Saúde ou qualquer outra que seja acionada, façamos imediatamente o que nos for solicitado. Já sei que o Ver. Luiz Braz e o Ver. João Carlos Nedel comunicaram à Presidente algumas providências que já estão sendo tomadas. Na seqüência, é claro, nobre Presidente, vai dispor da nossa boa vontade e de toda a nossa participação.

Gostaria de anunciar a presença, na Casa, do Vereador do PMDB da cidade de Curitiba, Sr. Paulo Salamuni. Nossas boas-vindas ao Vereador, fique à vontade e sinta-se em casa. Em qualquer outra oportunidade, retribuiremos a sua gentil visita. Se quiser-se aproximar da Mesa, estamos às ordens.

Representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sra. Elaine Paz, nos visita para a posse oficial da Vera. Sonia Saraí. Gostaria apenas de registrar que os jornais de hoje estão publicando problemas burocráticos que atrasam a posse do Ver. João Verle, nosso colega, e do Sr. Sereno Chaise, Presidente e Vice, respectivamente, do BANRISUL - questões burocráticas em Brasília. Foi aprovada por esta Casa, na sexta-feira, uma licença para tratamento de interesse do Ver. João Verle pelo espaço de 30 dias. Quero crer que, embora não tenhamos ainda recebido oficialmente o documento sobre a posse do Vereador na presidência do BANRISUL, imagino que a burocracia brasiliana não seja tão complexa e paquidérmica que leve mais de 30 dias para dar posse, até para que o BANRISUL retome o ritmo de trabalho que assim recomenda uma organização do porte do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. De qualquer modo, diante dos trinta dias, já foi empossada a nobre Vera. Sonia Saraí, mas concedemos os cinco minutos regimentais a que tem direito o Vereador quando assume, se desejar ocupar a tribuna, nobre Vereadora.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Desculpe, Sr. Presidente, é que, terminada a Tribuna Popular, acredito que a Sra. Eloísa Fortuna ainda se encontra no Plenário apenas está aguardando o término desse momento.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu não sei se o Vereador Líder do PT se referirá a esse assunto. Então, peço escusas à Vera. Sonia Saraí, vamos atrasar um pouco em nome da Tribuna Popular, que tem prioridade.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra, pela Liderança do PT, por cinco minutos.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheira e amiga Elaine Paz, Secretária de Governo em exercício, Sra. Eloísa Fortuna, comunidade da Chácara dos Bombeiros, demais comunidades, lideranças da Cruzeiro, senhoras e senhores. Sobre essa questão trazida na Tribuna Popular nós buscamos informações e queremos clarear o assunto, porque nós não gostamos de enganar as pessoas, não gostamos de colocar “cano seco”, como alguns Prefeitos já fizeram em outros tempos nesta Cidade. A área que está em discussão, lá em cima do morro, é uma área de propriedade da Brigada Militar. Em 1995, através do processo 000551-10.00 PGE/95, a Brigada Militar, no Governo Antônio Britto - governo apoiado pelo partido do Ver. Luiz Braz e outros -, foi para a Justiça pedindo a retomada de posse dessa área, pedindo a retirada das pessoas que ocupam a área. Isso é preciso dizer em claro e bom som para que as pessoas não sejam enganadas: A Brigada Militar, no Governo Antônio Britto, apoiado pelo Ver. Luiz Braz e outros Vereadores, entrou na Justiça para retirar as pessoas dessa área. Uma parte da área é de preservação ambiental. E outra surpresa para nós: agora aparece uma emenda do Ver. Luiz Braz, nessa região, para transformar em área de ocupação intensiva. Nós queremos discutir de alguma forma isto, como é que está esta situação. No Processo do Orçamento Participativo a rua A-2, ganhou a instalação de energia elétrica, pelo Processo do Orçamento Participativo, onde vão, até o Conselho do Orçamento, representação das 16 regiões da Cidade, 32 pessoas, mais o Governo. A Prefeitura encaminhou um pedido para a CEEE fazer a ligação, e a CEEE, no Governo do Antonio Britto, apoiado pelo Ver. Luiz Braz, respondeu que anexava um documento da Brigada Militar onde ela diz que não concorda com o pleito em questão, e por aí vai, pedindo inclusive que sejam retiradas as ligações clandestinas. Esta é a verdade, tudo documentado. Agora nós estamos preocupados com a situação, sim. E já no dia 26 várias Secretarias estarão numa reunião com a comunidade, no dia 29, o nosso Secretário Estadual de Habitação Ary Vanazzi estará também numa reunião com a comunidade, porque, se o outro Governo não resolveu o problema, nós vamos nos esforçar para resolver. Sabemos também que há 300 casas, 300 famílias no leito da rua, que vai ser preciso ter todo um trabalho de urbanização, de remoção, porque as pessoas não vão poder ficar no leito da rua. Então são todas essas informações que é preciso trazer à Casa e às pessoas para que não se deixem enganar. Para chegar água lá em cima, não é possível só estender o cano, não vai ter água suficiente nesse momento, o DMAE tem um documento de dezembro de 98, está executando uma série de obras na região, mas vai demorar, nós não enganamos ninguém. Vai demorar mais um ano e meio a dois anos, para todas as obras que começam, desde o sopé do morro, reforço de bombeamento, construção de novos reservatórios, construção de novas casas de bombas, tudo isso leva muito tempo porque a cota lá é muito alta. É assim que nós trabalhamos com clareza, dizendo a verdade sem enganar ninguém. Esta é a verdade, com relação a outro tema, é um grande tema trazido pela Vereadora Clênia Maranhão, que pena que o tempo que me sobra é pouco, mas é um grande debate. O Governo Federal, e aconteceu uma grande passeata na sexta-feira à tarde, diante das dificuldades financeiras, corta um milhão de reais da Prefeitura de Porto Alegre, atingindo programas de pessoas portadoras de deficiência física, programas para crianças, adolescentes e idosos, nós temos outra visão. Se há escassez de recursos, nós cortamos dinheiro de quem não precisa, nós não vamos passar dinheiro para a GM e para a Ford. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Por gentileza, não é permitida a manifestação nas galerias.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. José Valdir.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, eu já havia anteriormente anunciado, V. Exa. não prestou atenção. Por favor, eu ajo com a maior isenção, eu havia pedido, eu já fui gentil com a V. Exa. outra vez, agora sou obrigado a discordar de V. Exa. Vai valer, daqui para frente, o Regimento que V. Exa. evocou, para todos. Eu já pedi escusas aos visitantes, quero-os sempre presentes aqui, a Casa é do povo, só que o Regimento me impede, eu não tenho culpa e sinto-me constrangido. Eu já disse até que, futuramente, isso deve ser extirpado do Regimento, mas, neste momento, a partir de uma Questão de Ordem do Ver. José Valdir, em Sessão anterior em que ele tinha absoluta razão, no início, eu solicitei que não se manifestassem nem a favor e nem contra, não é uma decisão minha, é do Regimento da Casa. Desculpem-me, mas eu tenho que cumprir o Regimento. O Ver. José Valdir distraiu-se, pois eu já havia falado sobre isso.

Ver. Guilherme Barbosa, eu vou aumentar um pouco o seu tempo, porque eu o interrompi intempestivamente o discurso de V. Exa.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Obrigado, Sr. Presidente. Eu dizia que essa é a opção. O Governo Federal tem dificuldades financeiras, os Estados tem, e corta de onde? O Governo Federal corta desse setor, de programas de crianças de rua, de programas para idosos e de programas para pessoas portadoras de deficiência. Nós temos outra visão. Se o dinheiro está curto, tem que cortar de quem não precisa, dessas grandes corporações internacionais, das maiores do mundo, que vêm aqui levar o dinheiro do Estado, demitem pessoas em São Paulo e criam essa guerra fiscal. Essa é a nossa posição e nós assumimos, essa é a discussão que trazemos para o Estado. Nós já havíamos feito esse debate antes. Se há dificuldade, de quem tira? Tira do povo? Da saúde, da habitação, da educação ou vai tirar das grandes multinacionais? Essa é a nossa posição clara e assumimos, enquanto uns punem o povo, nós retiramos dinheiro do Estado dessas grandes multinacionais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Líder da Bancada do PT, quando utilizava a Tribuna, citando este Vereador várias vezes, disse que possuía uma informação da Brigada Militar, de que aquela região da Chácara da Represa pertence à Brigada Militar. Essa informação o Ver. Guilherme Barbosa não pode possuir. Ele possui uma informação que todos nós possuímos, que fala na Chácara dos Bombeiros. Ele confunde Chácara dos Bombeiros com Chácara da Represa. Eu acho que o Vereador não conhece Porto Alegre e nunca foi na Chácara da Represa. Fala sem saber.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, não é Questão de Ordem. É contestação, apenas. Então, registro, mas peço que não repita, porque não é Questão de Ordem.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não sei se faço uma saudação à Presidenta da Associação Comunitária União da Represa ou se simplesmente silencio. A informação que recebemos, agora, da tribuna, não é nada auspiciosa, ainda mais partindo da Liderança do Partido dos Trabalhadores, que é quem governa este Município, é quem derrotou a Emenda ao Orçamento do Município que propunha recursos para resolver o problema do abastecimento d’água na região que a Senhora mora, e que tem responsabilidade inclusive de ser ex-Diretor do Departamento de Água e Esgotos e que nos disse aqui, de forma categórica, que resolver o problema de água potável na sua região é uma coisa tão complicada que parece que não vai ser resolvido, nem no curto, nem no médio e, quem sabe, no longo prazo.

 Ora, eu vi tamanha dificuldade colocada no pronunciamento da Liderança do PT que eu acho, Ver. Luiz Braz, que a proposta de V. Exa., de a Comissão Especial da Casa continuar tratando do assunto, fica até desmobilizada, foi dito - e inclusive colocado como um apanágio do estilo petista de governar -, disse que fala a verdade e, falando a verdade, não é possível atender porque os canos têm que passar pela Chácara dos Bombeiros, tem que dar voltas imensas para só ir, se é possível levar água potável para os moradores da Represa que estão aqui hoje, exercendo um legítimo direito de cidadania. E pleiteando de quem? Da Câmara Municipal, para que tome posição em favor da saúde, do bem-estar, de condições dignas de vida para uma parcela da população de Porto Alegre. E nós, que somos mortais, porque somos simplesmente Vereadores desta Cidade, estamos ouvindo todos os dias, em propaganda altamente custosa, colocada em todas as emissoras de Porto Alegre, que esta Cidade está maravilhada com o Orçamento Participativo, que está resolvendo um a um todos os problemas de Porto Alegre, mas esse mesmo Orçamento Participativo está relegando a um plano absolutamente secundário os moradores da tradicional Represa no limite do Município de Porto Alegre com Viamão.

Então, Sr. Presidente, eu quero mostrar a minha perplexidade diante do que eu chamo de incongruência do discurso petista. O discurso petista, que levanta uma lógica falsa para impedir que se consumem as obras da GM no Município de Gravataí, que se prossiga a instalação da Ford e, com isso, se gerem milhares de empregos em ativação econômica que vai favorecer não os que já têm, mas sim aqueles que não têm emprego, esse mesmo discurso diz que o PT vai atuar em favor daqueles que não têm! Mas será que não ter água, no ano de 1999, lá ao lado, bem ao lado do primeiro ponto de abastecimento de água da Cidade, será que isso é ter ou é o não ter? Será que é coerente dizer que para atender esse moradores é preciso fazer estudos maravilhosos, promover medidas profundas, para só então poder atender, quando o discurso, em outras situações, é exatamente ao contrário? Então, Sr. Presidente, é preciso que se diga, com a clareza devida, que nós estamos num regime de dois pesos e duas medidas. De um lado, quando o discurso em favor dos excluídos favorece, esse discurso é justificado até mesmo para a quebra de contratos legítima e legalmente celebrados neste Estado. Isso é bom discurso, o Ver. Cláudio Sebenelo ainda me dizia, pega bem perante a opinião pública: vamos tirar desse gringos, das multinacionais para dar para o povo. Mas dar o que para o povo, se não dão nem água para os moradores da Cidade de Porto Alegre, a capital do petismo.

Então, Sr. Presidente, eu vou concluir dizendo que, lamentavelmente, Sra. Presidenta, não podemos lhe oferecer um quadro diferente, mas, pelo menos, a sua vinda e dos seus companheiros de jornada teve um condão, teve uma propriedade: demostrar claramente, perante a senhora e seus colaboradores, uma realidade. Se esse problema não está hoje devidamente encaminhado, não depende de nós, mortais Vereadores de Porto Alegre, mas de outros que, tendo o poder na mão, não querem atender as justas reivindicações da sua comunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Tenho, em mãos, um documento do Estado do Rio Grande do Sul, Secretaria da Justiça e da Segurança, Brigada Militar, Departamento de Logística e Patrimônio, assinado pelo Coronel Diretor do DLP José Luiz Greges. Diz assim o documento: “Esclareço que este Departamento não compactua com os procedimentos de ligações clandestinas que ocorrem na Chácara das Bananeiras”. Este é o endereço correto que foi dado erroneamente pela Liderança do PT.

 

O SR. PRESIDENTE: Nobre Vereador, V. Exa. teve tempo da tribuna. Assim vamos prolongar o debate fora do Regimento. Isto não é Questão de Ordem. Agora sou obrigado a dar uma Questão de Ordem ao Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): O documento se refere às vilas São Miguel I, II e III, Chácara das Bananeiras, que é toda a região. Conheço mais a Cidade do que o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. PRESIDENTE: Não sei se a Bananeiras se liga lá embaixo com esta represa, mas, em todo caso, vou olhar o mapa. A Senhora Presidenta está dizendo que não. A Senhora Presidenta está solicitando a palavra, mas, regimentalmente, não posso conceder a ela a palavra. Desculpe, Sra. Presidenta, mas não é possível.

Suspendo a Sessão por dois minutos para as nossas despedidas à Senhora Presidenta e desejo, a todos que aqui compareceram, uma boa-tarde.

Estão suspensos os trabalhos por dois minutos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h57min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às15h): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ao longo de dezesseis anos, ao contrário do que muitas vezes os companheiros do Partido dos Trabalhadores têm sugerido, as minhas posições de críticas e as denúncias que trago a esta Casa têm sido sempre absolutamente embasadas em documentos. Nós assistíamos, no entanto, aqui, na semana passada, uma defesa constrangedora do Líder do PT, Ver. Guilherme Barbosa, sobre os grafites na Cidade, em que o Vereador chegou a dizer que eram defensáveis os grafites da Ponte dos Açorianos, porque, segundo ele, o sujeito pobre, que não podia utilizar meios de comunicação caros, teria o direito de desejar “Feliz Ano Novo 1999” à população, grafitando um equipamento público da Cidade.

Eu confesso aos Senhores que fiquei chocado com a tese, porque acho que ninguém, em nenhum momento, tem direito de mexer naquilo que é público, que é de todo mundo, nem para desejar “Feliz Ano Novo”. Mas, por via das dúvidas, Sr. Presidente, na tarde de sexta-feira, depois de derrubado o veto ao Projeto do Ver. Reginaldo Pujol, eu fui até a Ponte dos Açorianos. E não pude me furtar, Ver. Adeli Sell - V. Exa. que fez aqui uma defesa veemente e coerente desta mesma posição, mas que depois se viu constrangido a votar a favor do veto e contrário ao Projeto, por pressão da Bancada -, de olhar a ponte, e, ao olhar a ponte, ficar abismado, e, ao ficar abismado, pedir que os fotógrafos desta Casa documentassem, Ver. José Valdir, o que é o grafite 1999 da Ponte dos Açorianos. As fotos estão aqui. Lá no meio, a gente consegue entender um “Feliz Ano Novo”, que, aliás, não é 1999, é de qualquer ano. Agora, a sujeirada no restante da ponte, por todos os lados da ponte, inclusive: “ativa”, “grivo”, “chico”, “ari”, “kamikases”, que nada tem a ver com o ano novo, e mais inscrições absolutamente ilegíveis de desenhos esdrúxulos, sem nenhum sentido, quando não “massa funkeira”, “araújo”, “só no sapatinho”. Essa é a mensagem de “Feliz 1999” do Vereador Líder do PT. Era com essa defesa, Sr. Presidente, que se pretendia manter o veto e derrubar o Projeto, uma defesa absolutamente sem base, porque ou o Ver. Guilherme Barbosa passou muito ligeiro e não viu tudo, ou o Ver. Guilherme Barbosa, evidentemente, tentou chutar e, por azar, chutou mal, porque os documentos, as fotografias mostram outra coisa.

Agora o mais grave, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando eu trago a documentação clara do acerto desta Casa em derrubar o veto do Prefeito, em defesa dos monumentos da Cidade, é que, a partir de agora, intervenções que são feitas em defesa do Governo sem que venham documentadas, nós vamos ter que começar a pensar duas vezes se elas são, de fato, verdadeiras, ou se elas são apenas tentativas de enganar esse Plenário, de ganhar no grito, de levar de roldão a presença da maioria dos Vereadores nesta Casa.

O meu registro, o meu lamento, é que no afã de defender um Projeto, a gente não diga toda a verdade. O “Feliz Ano Novo” está lá, só que o resto, Ver. Guilherme Barbosa - V. Exa. esqueceu - é lamentável, e esquecer o resto também foi lamentável numa defesa séria e transparente de um Projeto, num debate como esse. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Ver. Paulinho de Castelo, do PT de Viamão, do Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Anairton de la Torre, do Sr. Humberto Scorza e da Coordenadora do Conselho Municipal da Saúde.

A Vera. Sonia Saraí está com a palavra.

 

A SRA. SONIA SARAÍ: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores e demais presentes a esta Sessão, a todos dirijo-me refletindo que, neste momento histórico, e por isso muito especial, o nosso País passa por uma enorme crise financeira, sendo refém do FMI. Isso nos traz, como conseqüência, o desemprego, a fome, a violência, colocando uma grande massa de trabalhadores no submundo e toda a nossa sociedade num quadro de exposição vexatório, do qual quero citar um único exemplo: a situação de risco em que vivem as nossas crianças e adolescentes de quase todo o nosso País.

Portanto, companheiros e companheiras, neste momento quero me identificar, dizendo que sou mulher vileira, negra e do Partido dos Trabalhadores, e que, solenemente, coloco meu gabinete à disposição das organizações sociais.

Neste momento, também, quero reverenciar o berço político onde me formei, o mesmo berço que inspirou o cantor e compositor Nelson Coelho de Castro, quando escreveu a música “Constelação”, dizendo que “na Cruzeiro ninguém mete a mão”.

Quero também agradecer à União de Vilas da Grande Cruzeiro, ao Fórum da Educação da Microrregião Cinco e ao Conselho Popular da Glória.

Quero também, neste momento solene, lembrar meu pai e minha mãe, que, apesar de não mais se encontrarem neste mundo, quando aqui estiveram, me ensinaram que as pessoas valem mais pelo que são do que pelo que possuem.

Ao Partido dos Trabalhadores, do qual sou militante desde a minha adolescência, digo que esta mulher negra, oriunda da periferia desta Cidade, tem orgulho de, a partir deste momento, passar a compor a Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara de Vereadores da Cidade de Porto Alegre.

Sr. Presidente, digo a todos, com muita emoção, que eu poderia citar dezenas e dezenas de pessoas responsáveis por este momento, mas quero homenagear uma única pessoa, que materializou o que o nosso companheiro Che Guevara disse: “endurecer sem perder a ternura jamais”, uma pessoa que é capaz de dar o significado exato do nosso mandato, da nossa luta. Essa pessoa é a tia Laura, que aqui se encontra. É aquela senhora negra linda, maravilhosa.

Tia Laura, a adolescente que a senhora viu crescer e se transformar em referência política da nossa região agora é Vereadora da Cidade de Porto alegre.

A minha homenagem final é, senhoras e senhores, para Zumbi dos Palmares, pioneiro da reforma agrária neste País. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu anuncio a presença, neste Plenário, do Ver. Paulo Lari, do PT de Viamão. A presença desse nobre colega muito nos alegra.

Quero dizer às pessoas presentes que, no caso do aplauso à Vera. Sonia Saraí, foi um momento festivo de posse, portanto, essa Presidência não fez objeção ao aplauso, pois a Vereadora está recebendo seus amigos, Vereadores e Deputados do PT, Líderes do Conselho da Criança e do Adolescente, está sendo prestigiada. Consideramos um momento festivo, relevamos as palmas que, normalmente, não são permitidas.

Passamos à

PAUTA

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0722/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 013/99, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que institui o ensino dos Direitos Humanos no currículo escolar do ensino fundamental e médio das escolas da rede municipal.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 3259/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 168/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que obriga as imobiliárias que operam no Município de Porto Alegre a possuir a carta de habite-se dos imóveis destinados à locação para fins comerciais.

 

PROC. 3433/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 177/98, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que altera a redação do “caput” e do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 7518, de 11 de outubro de 1994, que dispõe sobre a construção de abrigos para passageiros de ônibus e dá outras providências.

 

PROC. 0772/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 003/99, que autoriza alienação de próprios municipais.

 

PROC. 0821/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/99, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Lei municipal nº 5395, de 5 de janeiro de 1984, que proíbe ao Município a contratação de força de trabalho, em caráter permanente, através de pessoas físicas e de empresas intermediárias ou locadoras de mão-de-obra, acrescentando parágrafo ao artigo 1º e dando outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0734/99 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/99, que altera as disposições da Lei Complementar nº 242, de 22 de janeiro de 1991, que disciplina a Concessão do Direito Real de Uso aos ocupantes de áreas de propriedade do Poder Público Municipal e dá outras providências.

 

PROC. 0669/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 008/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que institui, no Município de Porto Alegre, o Dia do Profissional de Educação Física e dá outras providências.

 

PROC. 0675/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/99, de autoria do Ver. Antônio Losada, que denomina Rua Rubens Souza de Oliveira um logradouro irregular localizado no Bairro Cristal.

 

PROC. 0712/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 012/99, de autoria do Ver. Paulo Brum, que institui o Dia Municipal do Zelador de Condomínios Residenciais e Comerciais no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 0733/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 002/99, que altera a redação do art. 6º da Lei nº 2312, de 15 de dezembro de 1961, que criou o Departamento Municipal de Água e Esgotos.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma das coisas que eu acho que o homem público deve cultivar é a coerência. Amanhã fará 28 anos que assomei à tribuna, pela primeira vez na Câmara Municipal, e tenho orgulho de dizer que não mudei e que continuo entendendo que existe o certo e o errado, e que fora disso não há solução. Nós sempre devemos trilhar o caminho que consideramos certo, mas nem sempre acertamos os nossos caminhos, mas é preciso humildade, inteligência e sensibilidade para se errar o caminho e retomar o certo.

Portanto, Sr. Presidente, usarei, hoje, a Bíblia Sagrada, que diz: “No princípio criou Deus o céu e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo e o espírito de Deus pairava por sobre as águas.” E assim, no primeiro dia, Deus criou a luz, e numa seqüência de seis dias ele foi colocando os mares, os rios, os animais, as estrelas, e foi fazendo tudo. Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército, e havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, descansou nesse dia de toda a obra que tinha feito”.

Por que leio a Bíblia? Porque não mudo os meus conceitos, que estão arraigados, e sempre digo que o direito nasce do dever. É preciso ensinar a todos a cumprirem o seu dever. Deus, que é a criatura máxima do universo, primeiro trabalhou seis dias para adquirir o direito de descansar no sétimo. Portanto, primeiro cumpriu com o seu dever.

Hoje, o Ver. Hélio Corbellini pretende que nas escolas do Município se ensinem os direitos humanos. Eu preferiria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que fossem ensinados os deveres humanos, porque se todas as criaturas cumprirem com o os seus deveres, ninguém terá direitos a reclamar. É importante que se cumpra com o dever, e eu não vejo como leis são feitas e ninguém as cumpre. Por exemplo: o Prefeito Municipal de Porto Alegre sabe muito bem que não pode implantar lá no DMAE aquela figura que lá está, que é um engenheiro agrônomo. Nada tenho contra ele, mas o fato de o Prefeito ter encaminhado à Câmara Projeto alterando a Lei nº 2312/61, demonstra que S. Exa. tem pleno conhecimento da inviabilidade de nomear Diretor-Geral do DMAE alguém que não detém o título de engenheiro civil ou sanitarista. O Diretor que saiu, em um ato seu, colocou alguém que não tem as habilitações necessárias para exercer a função de Diretor-Geral do DMAE. E o meu assessor jurídico, Ver. Juarez Pinheiro, eventual assessor jurídico, deu-me de forma geral uma frase que eu aqui coloquei: “Em Direito Privado tudo que não está vedado é permitido. Em Direito Público, em princípio, só é permitido o que está prescrito.” Essa regra jurídica nos leva a considerar que, para responder pela Direção-Geral do DMAE, o indicado deve atender ao prescrito na lei que criou o Departamento. Ou seja, tem que ser engenheiro civil ou sanitarista. E digo isso porque o nobre Líder do PT Ver. Guilherme Barbosa me ofereceu um parecer por ele encomendado à época em que foi diretor, e o seu procurador dizia: “Da forma como o dispositivo está vazado, somos levados a pensar que se o Legislador exigiu tais e tais credenciais para o titular, deve o substituto, como decorrência natural, ostentar os mesmos atributos. E aí vai aparecer gente a favor ou contra, ele deu um parecer favorável. E eu estou fazendo, Sr. Presidente um Requerimento a V. Exa., juntando as considerações que eu fiz agora, e pedindo a V. Exa que o Projeto seja reexaminado pela Procuradoria-Geral da Casa, eis que uma lei que está sendo desrespeitada pelo Prefeito não pode ser modificada para atender aos anseios e aos desejos de S. Exa o Prefeito Municipal. Lei é lei e tem que ser cumprida. Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria de cumprimentar o Ver. Hélio Corbellini pelo seu Projeto que institui o ensino dos direitos humanos no currículo escolar, no ensino fundamental e médio, nas escolas da rede municipal. E gostaria, sinceramente, de que essa matéria fosse traduzida na prática, e dizer, claramente, que se constitui direito humano que uma população de três mil pessoas - e tivemos, aqui, a presença de parte dela -, pertencente à Chácara da Represa, que tenha o direito à água, que é fundamental à vida. Somos favorável ao Projeto do Ver. Hélio Corbellini, e que esse conhecimento dos direitos humanos se torne uma prática em todos os sentidos.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador João Carlos Nedel, a nossa Bancada é realmente democrática. Manifestei-me contrariamente ao Projeto em si, porque acho que os deveres devem ser colocados em primeiro lugar. E até informo que, recentemente, tinha muita satisfação, porque li numa revista que prêmios nobéis de Medicina fariam a magna carta dos deveres humanos, encaminhariam à ONU para complementar os direitos humanos.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Num mundo com tantas dificuldades, expressar os direitos, instruir sobre os direitos, provavelmente, force a sua concretização. Por isso o meu apoio a esse Projeto.

E gostaria, também, de cumprimentar a Mesa Diretora pela iniciativa de atualizar a Lei nº 5395/94, adaptando-a à realidade. A tercerização de certos serviços é uma exigência da modernidade. No caso específico dos serviços de limpeza, higiene e manutenção de prédios, é realmente um avanço em termos de qualidade, pois é reconhecido e elogiado o plano de treinamento que várias empresas especializadas no assunto mantêm para seus empregados, aumentando a qualidade de seus serviços.

Por outro lado, fica a preocupação com o Projeto de Lei do Executivo nº 02/99, que retira a obrigatoriedade de o Diretor-Geral do DMAE ser engenheiro civil ou sanitarista. A preocupação é que, com essa alteração, seja retirada a elevada qualidade técnica que o DMAE sempre manteve, tornando, portanto, uma interrogação muito preocupante se o DMAE continuará ou não com essa qualidade assegurada aos contribuintes de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, eu destaco, na Pauta, o Projeto, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que trata da criação de um currículo escolar do ensino de direitos humanos. Destaco, para dizer que a Casa aprovou, no ano de 1989, uma lei que institui na rede municipal de ensino de 1º Grau a disciplina de Direitos Humanos e dá outras providências. Comparando a Lei aprovada na Casa com a do Ver. Hélio Corbellini, parece-me que as duas apresentam o mesmo caminho, que é chamar a atenção da rede de ensino para a questão do debate dos direitos humanos, no conjunto das disciplinas. Parece-me que se deve aprofundar esse debate. Não se contraria a importância de que os direitos humanos estejam incluídos nas matérias que devam ser tratadas na rede de ensino. Eu só pergunto à Casa se a Lei nº 6383, que institui o ensino da disciplina Direitos Humanos no Município não cumpre essa tarefa? É uma pergunta que se deixa para ser aprofundada, no sentido de verificar de que forma esse conteúdo será administrado dentro da rede de ensino.

Destaco também Projeto de Lei de nossa autoria no sentido de regularizar as imobiliárias, a fim de que essas tenham os habite-se dos imóveis que locam para fins comerciais. Foi um pedido de um setor de pequenos comerciantes que têm encontrado dificuldades ao alugar um imóvel para o seu comércio; eles encontram muita dificuldade se esse imóvel não tiver habite-se. Estamos apresentando uma proposta a fim de que as imobiliárias, ao dispor de um imóvel para aluguel, tenham o respectivo habite-se.

Gostaria de destacar que é importante esse debate sobre a concepção de direitos humanos. O Ver. João Carlos Nedel trouxe-nos uma visão de direitos humanos ligada somente à Cidade de Porto Alegre. O Vereador não sustenta que visão de direitos humanos existe além da política nacional neste País. Já perguntamos ao Ver. Cláudio Sebenelo, ao Ver. Antonio Hohlfeldt, o que significa o corte de 100% nas verbas do Projeto Brasil Criança Cidadã. Gostaria que os Vereadores da oposição abordassem esse assunto. O caminho do desemprego, de cortes de verbas sociais que a nossa sociedade está tomando, é uma ofensa, uma violação aos direitos humanos. Os Vereadores aqui se pegam a fatos ocorridos em uma vila, em uma região da Cidade para fazer um debate sobre direitos humanos. Cortar totalmente um programa, isso não corre somente em Porto Alegre, no País foi zerado o programa Brasil Criança Cidadã, um Programa que tinha várias ações junto a crianças de rua, junto a creches comunitárias. O Governo Federal, Ver. João Dib, cortou 100% dessa verba. É uma violação dos direitos humanos. Gostaria que os Vereadores viessem a esta tribuna para discutir sobre esse assunto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com relação ao que o Ver. João Dib disse, eu cito Santo Ambrósio para quem Deus é aquele a respeito do qual não se pode afirmar nada maior. Pois esse Deus onipotente, onipresente, atemporal, incorpóreo, aistórico, ele não prescindiu das formas, tanto que para transmitir os seus ensinamentos, ele se utiliza das formas. Estou dizendo isso, porque esta Casa precisa, urgentemente, fazer um debate profundo sobre a questão de forma e conteúdo. Há um desprezo para a questão da forma que, às vezes, é mais importante que o conteúdo, porque pode inviabilizar o mérito de determinadas proposições. Com isso, faço gancho com o Projeto votado anteriormente, quando somos totalmente contra as pichações na Cidade, mas somos igualmente contra aquela forma de apresentar o Projeto. Hoje nós temos aqui um Projeto, na Pauta, com o qual, no mérito, nós concordamos, que é sobre a questão dos direitos humanos.

Concordamos que os direitos humanos têm de perpassar a educação, não só na escola, mas na família, na sociedade. Discordamos, frontalmente, que um Projeto como este seja feito através do Legislativo, e por várias razões que já tivemos oportunidade de apresentar neste Plenário, sempre temos que voltar ao assunto, porque esses Projetos são recorrentes aqui na Câmara de Vereadores. São projetos que propõem temas palpitantes, de importância e atuais, mas que cometem um erro fundamental: interferir no currículo das escolas.

Primeiro há uma superestimação da escola no mundo de hoje, onde tanto a escola quanto a família não têm mais aquele poder. Depois da adoção dos meios de comunicação, a família e a escola não têm mais esse poder formador que tinham há algum tempo.

Segundo, é um desrespeito à legislação, que é muito clara, criou um núcleo comum de disciplinas e conteúdos, em nível nacional, e a parte diversificada, só que essa parte diversificada não é para as Câmaras de Vereadores apresentarem projetos ao seu bel-prazer. A parte diversificada é para ser discutida com a comunidade escolar, com o corpo técnico das escolas porque currículo é uma coisa muito séria. Quem tem formação para professor de universidade sabe que, inclusive, isso é uma disciplina do currículo, em que vários pensadores e cientistas se debruçam, hoje mais do que nunca, para tratar especificamente. O currículo é uma coisa absolutamente séria e complexa, não pode ser tratado dessa forma. Além disso, tenho alertado que, se vamos legislar dessa forma abrupta e autoritária, por mais que sejamos representativos, esse é um assunto técnico da maior importância. Se vamos introduzir qualquer disciplina dessa forma, no currículo, temos que abrir a cancela para todo mundo, como diz o gaúcho. Já passaram por aqui mais de uma dúzia de projetos. Certamente cada um de nós tem o interesse de apresentar projetos de temas, quando mais não for, para atender algum interesse de suas bases. Se apresentarmos Projetos, como já foram apresentados aqui temas importantes como a questão do racismo, do voto aos dezesseis anos, formação da juventude, ecologia, a questão do esporte, todos nós vamos poluir o currículo das escolas e torná-lo absolutamente inadministrável, e, mais do que isso, desrespeitar um profissional que merece respeito: o professor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero manifestar, assim como outros Vereadores, preocupação com o Projeto do Ver. Hélio Corbellini, no que diz respeito a um conteúdo a ser acrescido no currículo das nossas escolas. Não há nenhuma dúvida de que a proposta, o assunto que o Vereador quer ver colocado para os nosso alunos é por demais importante - a questão dos direitos humanos, que é uma luta permanente, embora tenhamos avançado no mundo e no Brasil, um pouco, ainda temos muito que avançar. Alguns Vereadores já colocaram, estou há 7 anos nesta Casa e já foram muitos os projetos que tocaram em conteúdo. Há algum tempo se falava em disciplina, e o problema é que não cabe. São todos assuntos importantes, mas não vai caber no currículo. Penso que temos que remeter para o Conselho Municipal de Educação. Lá é que precisa haver uma pressão para que se discutam as necessidades de se introduzirem esses assuntos.

Quero, também, abordar um Projeto do Executivo, que está em 3ª Sessão de Pauta, que modifica a forma de ser ocupada a Direção Geral do DMAE. O DMAE é de 1965. A Cidade tinha uma secretaria que cuidava do seu abastecimento de água tratada, coleta e tratamento de esgoto, e quando se transformou em autarquia, a lei que criou o DMAE determinou que, para ser Diretor-Geral daquele Órgão, deveria ser um Engenheiro Civil ou Sanitarista, inclusive, essa palavra fica um tanto quanto solta, não se sabe se é Engenheiro Civil e Engenheiro Sanitarista. Fica a palavra solta que pode dar algumas interpretações. Ao longo do tempo, o DMAE tem sido dirigido, sim, por engenheiros civis, inclusive eu, com muita honra, fui Diretor do DMAE, assim como o Ver. João Dib. Ocorre que o Departamento Municipal de Água e Esgotos, assim como a Prefeitura, tem muitos outros profissionais que podem assumir, com certeza, a direção daquele órgão. Temos lá químicos, engenheiros-químicos, administradores de empresas, economistas no corpo do próprio Departamento. E fizemos há pouco, por consulta, uma verificação na empresa congênere - a CORSAN - e verificamos que mais da metade dos presidentes da CORSAN, ao longo da sua vida, não são engenheiros. Claro que a CORSAN tem problemas, mas que não ocorreram em face dessa não-ocupação de engenheiros nesse tempo. Creio que é um Projeto que vem no seu tempo certo, a pessoa que está ocupando o lugar, nesse momento, está por vacância do seu titular. O Parecer - citado pelo Ver. João Dib - à época em que eu era Diretor-Geral do DMAE, portanto em 1989, eu o pedi à Procuradoria do DMAE, porque os quatro superintendentes não eram todos engenheiros, e eu queria, para valorizar o quadro de funcionários do Departamento, nas minhas ausências, fazer um revezamento entre eles, e havia alguns que não eram engenheiros. E o Procurador de quadro do DMAE, concursado, sem nenhuma vinculação partidária, o Bel. Mílton Souza de Souza, elaborou um Parecer que determina que em caso de vacância pode ser outro profissional, fica muito claro.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, quando eu fui Diretor do DMAE - pela primeira vez - o Ver. Say Marques queria que eu fosse engenheiro civil e engenheiro sanitarista. Mas os engenheiros civis que dirigiram o DMAE, inclusive V. Exa., é que deram ao DMAE o respeito que ele tem perante a Organização Mundial de Saúde, que eu acredito que outro órgão brasileiro de água e saneamento não tenha igual, só o DMAE. Então, esse Parecer que V. Exa. citou, eu disse que foi para poder fazer a substituição por outro, mas existindo o superintendente de engenharia, poderia ser sempre ele. Mas creio que também diz o meu Requerimento que se não é permitido claramente no Direito Público, ele não pode.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: O Parecer do Bacharel, já aposentado, inclusive do quadro do Departamento, volto a dizer, deixa claro que em período de vacância pode ser outro profissional. E o DMAE que muito nos orgulha, é com certeza um dos melhores órgãos de saneamento do País, ele é o que é por outro tipo de compromisso, para aqueles que acreditam no serviço público e que trabalharam pelo saneamento do nosso Município, não exatamente com o seu Engenheiro. Acho que nós contribuímos muito, mas Advogado pode ser, Administrador de Empresa, Economista, Químico, Engenheiro Químico, têm todas as condições de ser um bom gerente com cargo político, como já disse o Ver. Elói Guimarães, e sem perda de qualidade para o nosso DMAE, até porque o corpo funcional do DMAE é de altíssima qualidade e garante também o trabalho de alto nível. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje, pela manhã, protocolei junto ao gabinete do Sr. Governador do Estado, uma correspondência em que peço os bons ofícios do Executivo Estadual, para que envie à Assembléia Legislativa um Projeto de Lei disciplinando a aplicação do parágrafo 4º, incisos I e II do Artigo 182 da Constituição Federal. Sem querer me tornar um Vereador Estadual, estou sugerindo ao Governo, porque é competência dele, o que nós já fizemos nesta Casa. A instituição de uma legislação em nível estadual que beneficie a todos os municípios na correta aplicação do uso social da terra. Muitos constitucionalistas e tributaristas têm contestado o que esta Casa fez na Lei Orgânica. Não aceitam que o Município tenha condições de estabelecer regras para o correto aproveitamento do solo urbano. Mas a Constituição Federal é muito clara, diz que os Estados têm plena competência para isto, nós acreditamos que os Municípios, também, tanto que nós aplicamos aqui e ninguém contestou, até hoje. Nós temos aqui o IPTU progressivo, temos a função social da propriedade, temos uma série de regras que visam a ocupar exemplarmente o espaço físico da terra. Isso é contestado em alguns níveis, mas nós entendemos que uma medida do Estado viria suprir plenamente essa discussão, ela se tornaria inócua.

É muito fácil explicar por que estamo-nos dirigindo ao Estado para que faça isso. Nós temos, no Município, a Lei Complementar nº 312, que já deu frutos em muitas glebas utilizadas como reservas de valor, que têm que ser desovadas, sob pena de pagarem progressivamente um imposto maior, então isso pode ser extensivo a todos os quase quinhentos municípios do Estado, sem que implique em contestação jurídica. Quem tem competência para isso é o Governo Estadual. Endereçamos essa correspondência ao Governador Olívio Dutra para que mande à Assembléia um Projeto de Lei, ele tem uma assessoria parlamentar que pode mandar o Projeto. Como Projeto Executivo, tem uma fluência maior no corpo legislativo do Estado; isso poderia ser objeto de qualquer Deputado Estadual, mas nós preferimo-nos dirigir ao Governador, porque vai caber a ele a competência final de assinar o ato, e se for do Executivo um Projeto de Lei dessa natureza, terá muito mais força, por isso estamos pedindo a ele que mande. Não quero, com isso, me transformar em Vereador Estadual, nem coisa que equivale. Sobretudo, pedimos a ele que tenha o cuidado de não ferir a autonomia dos municípios, pelo contrário, deverá, com esse Projeto de Lei, dar um instrumento para que possam exercer plenamente as suas prerrogativas. É com essa intenção que estamos nos dirigindo ao Governador e vamos, proximamente, através de uma audiência, entregar-lhe a Lei nº 312, de Porto Alegre, que contém esses dispositivos que visam à correta aplicação de dispositivos legais para o pleno usufruto do território urbano que compete aos municípios dirigir.

Era isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que eu tinha a comunicar hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Anunciamos também a presença, neste Plenário, da ex-Vereadora Bernadete Maciel, de Esteio, que muito nos honra com a sua presença.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. PAULO BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que os processos das folhas quatro e cinco (PLL nº 111/97 e PLL nº 144/97), ambos vetos a Projeto de minha autoria, sejam apreciados por último.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Sr. Presidente, da mesma forma que o pedido do Ver. Paulo Brum, que o processo da folha nove (PLE nº 035/98 - com veto parcial) também seja votado no final.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, está em votação o seguinte: que os processos das folhas quatro, cinco e nove (PLL nº 111/97, PLL nº 144/97 e PLE nº 035/98) sejam examinados em último lugar. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 2666/97 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida, que dispõe sobre a obrigatoriedade de inclusão, nas convenções de condomínio, de dispositivo que garanta o direito ao lazer, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Convenção sobre os Direitos da Criança e na Constituição Federal.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Cláudio Sebenelo: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 158/97 - Veto Total. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Serei breve nesta discussão. Na ausência do autor do Projeto, Ver. Gerson Almeida, hoje desempenhando o papel de Secretário Municipal do Meio Ambiente, quero apelar, especialmente à Bancada do Partido dos Trabalhadores, para a sensibilidade dos Srs. Vereadores em relação a este excelente Projeto que foi vetado. A grande maioria dos edifícios, especialmente os edifícios maiores, naqueles edifícios da periferia de Porto Alegre não há área de lazer para a criança. Esta é uma das imensas falhas, mas a partir deste Projeto esta Câmara tem a oportunidade de resgatar esta imensa dívida que temos com a criança e com o adolescente.

É pena que o Ver. Renato Guimarães não esteja aqui, porque eu gostaria de dizer, na sua presença, que a unanimidade dos Vereadores desta Casa é formal e definitivamente contra qualquer tipo de corte de verba - mesmo numa situação de angústia e penúria -, seja na área social, seja na saúde, na educação, no lazer, especialmente em relação à criança e ao idoso. Por isto, nos postamos absolutamente contra qualquer corte, seja do Governo Federal, Estadual ou Municipal. Este foi o nosso comentário. É a nossa visão e não vamos abrir mão dela, seja o governo favorável ou não a nós. Somos formalmente contra qualquer tipo de corte na área da saúde, na área da educação, na área do saneamento básico. Por isto pedimos a este Plenário que rejeite o veto ao Projeto da criatividade do Ver. Gerson Almeida, que desta forma encontra um caminho, busca uma solução para um imenso resgate que esta sociedade tem para com as crianças, pois a grande maioria dos edifícios, especialmente da periferia da Cidade, não tem local para o lazer das crianças. Por isso, nós pedimos a todas as Bancadas que rejeitem esse veto, sejam quais forem os argumentos, pelo incomensurável mérito do Projeto e, principalmente, talvez, pela única via de resgate de uma das grandes dívidas sociais que nós temos, que é esse Projeto do Ver. Gerson Almeida. Lazer é vida para a criança! Lazer é tão importante quanto o ensino! Criança tem que brincar, estudar, aprender! Isso é muito bom!

O fato de não ter área de lazer para as crianças, é uma das deformidades graves que nós temos socialmente e que nós não podemos continuar passivamente aceitando. Na melhor hora possível vem esse Projeto do Ver. Gerson Almeida, que tem a chance de, pelo menos em parte, abrir um caminho para resgatar essa dívida social imensa com a criança. Seja o Veto constitucional ou não, não importa aqui o conteúdo jurídico quando nós temos uma situação de emergência, porque criança sem brinquedo é uma situação de emergência. Criança tem que ter lazer! Tem que estar prevista na construção do edifício um local de lazer para as crianças. Por isso, pedimos o apoio da unanimidade desta Casa rejeitando esse veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é, na verdade, uma coincidência feliz poder discutir esse Veto, porque justamente no edifício que passei a morar no ano passado, surpreendeu-me a inexistência dessas áreas, e cedi dois boxes da minha garagem para que as crianças pudessem, ali, construir a sua área de lazer.

Imaginem os senhores que eu sou surpreendido então por esse veto do Sr. Prefeito e até por ser esse Projeto, que não lembrava mais, do nosso companheiro, saudoso Gerson Almeida. Quando cheguei no edifício na Rua Pedro Ivo, 186, o edifício não tinha área de lazer para as crianças, imediatamente ofereci aos condôminos parte da minha garagem e construam aí uma área de lazer para as crianças com gangorras, com escorregas e tudo o mais que possam fazer. E hoje, posso ver, quando estaciono o meu automóvel, as crianças brincando nessa área de lazer que o edifício não tinha, Sr. Presidente. E não pretendia eu fazer alarde dessa doação, eu a fiz por que quis. Qual não é a minha surpresa ao ver esse Projeto em discussão! Eu diria, como o saudoso Ver. Airto Ferronato: “Ora, vejam só.” Saudoso quanto à convivência do Plenário. “Ora, vejam só”. As coisas se modificam e surpreendentemente eu vejo a materialização dessa doação que fiz para as crianças do meu edifício e não tenho absolutamente nenhum arrependimento de ter doado metade das garagens que são a mim destinadas para que o edifício tivesse uma área de lazer. Na verdade, eu tenho quinze netos, não é? Eles não habitam mais por ali, mas as crianças são eternas e os homens são responsáveis por todas as crianças do mundo: por todas as crianças do mundo nós somos responsáveis.

Ainda me lembro de uma ordem drástica que dei como chefe de polícia. Havia um poço em que as crianças morriam afogadas por este ser muito profundo. Eu disse: “Aterra o poço”.

Naquele tempo do regime militar as coisas eram rápidas, tranqüilas, o poço foi aterrado e nunca mais morreu ninguém, morria em outros locais. Mandei tirar a placa e aquela região era só solo aterrado.

Então, eu vejo com muita surpresa e felicidade que aquilo que tomei como iniciativa no meu edifício é um Projeto do Ver. Gerson Almeida. O nosso Prefeito vetou nem sei por que, veto total. Mas por quê? Eu não entendo que os projetadores, os engenheiros que projetam os edifícios não façam uma previsão de uma área de lazer, por que não? Para que as crianças brinquem, não fiquem nos apartamentos detidas, soterradas, isto não é absolutamente um indício de saúde, a criança tem que exercitar, é uma fase evolutiva de exercícios, de pesquisa, de busca, de exploração. Uma área destinada ao lazer, em todos os edifícios, é uma obrigação que o Plano Diretor deve prever.

O Ver. João Bosco Vaz, mais inteligente que eu, já se antecipou e me acena de lá dizendo que já fez a Emenda ao Plano Diretor.

Parabéns, V. Exa. teve, no Engº. João Dib, o que o Engº. Guilherme Barbosa não se atreveu a romper: a cadeia que o cinge ao PT para botar esse veto abaixo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá solicita licença para tratamento de assuntos particulares no dia de hoje - 22 de março.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença da Vera. Helena Bonumá e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a imprensa da Cidade tem noticiado, com muita freqüência, que existe um endurecimento da Casa relativamente aos vetos do Sr. Prefeito Municipal. Trouxeram como informação que os quatro vetos votados até o presente momento, neste início de ano legislativo, redundaram em quatro decisões da Casa no sentido do não-acatamento dos vetos. Ocorre, Sr. Presidente, que nós vivemos aqui uma situação muito especial. Eu entendo que o Sr. Prefeito Municipal tenha sido tomado de um furor específico e por isso passou a vetar tudo o que lhe passava pela frente. Agora, por exemplo, nós estamos discutindo este assunto. Daqui a pouco nós vamos discutir duas Emendas que são para nós aqui da Câmara extremamente importantes, e nós não temos como trabalhar no sentido da manutenção do veto. Como é que depois de termos feito um esforço extraordinário para dotar a APAE de alguns recursos, agora, vamos acolher o veto do Sr. Prefeito? Ou como é que nós que estamos, Ver. Presidente, numa cruzada fortíssima pelo FUNCREDI - o Crédito Educacional -, vamos acompanhar o Prefeito neste veto, não podemos acompanhar. Agora, está aí um Projeto de Lei que o Prefeito vetou e que não é de nenhum Vereador de oposição, é do seu Secretário de Meio Ambiente, Ver. Gerson Almeida, que fez este Projeto, viu tramitar na Casa, teve parecer desfavorável na Comissão de Constituição e Justiça, parecer do Presidente da Casa, à época integrante da Comissão, que manifestou-se pela rejeição do Projeto, sob alegação de que o Projeto não guardava consonância com a legislação, na medida em que invadia área de competência privativa da União, porque buscava legislar sobre direito civil.

O Projeto do Ver. Gerson Almeida foi aprovado na Casa por 16 votos contra um, era uma Sessão com 17 Vereadores presentes, o necessário para uma votação, obteve 16 votos favoráveis e um contra. Esse é o tipo de Projeto que ninguém quer enfrentar o mérito.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tenho levantamento dos Projetos aprovados no ano passado. Os Vereadores de oposição aprovaram na Casa 82 Projetos, o Prefeito vetou 22. Claro que tem nome de ruas, mas a grande maioria o Sr. Prefeito sancionou, não há nenhum furor de veto.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: V. Exa. é um Líder muito competente, certamente demonstrou nesta hora a competência, esgrimou um argumento que nesta hora já o invalida, evidentemente nestes Projetos V. Exa reconhece que, no mínimo, 30 ou 40 deles são nomes de ruas, seria o máximo o Prefeito vetar nomes de ruas na Cidade.

Acho, honestamente, Ver. Guilherme Barbosa, com todo o respeito que tenho a V. Exa, que vetar 14 Projetos é um exagero! Os argumentos são até repetitivos. Parece até, Ver. Juarez Pinheiro, V. Exa. que já foi o escriba dos vetos, em tempos idos, que fizeram um clichê, colocaram no computador, onde aperta-se um botão e só muda o número do processo e vem um veto total para cá.

 

O Sr. Gilberto Batista: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para lhe auxiliar, Ver. Reginaldo Pujol, além do nome de ruas também tivemos várias votações para títulos de cidadãos de Porto Alegre.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Cada Vereador tem direito a um título por ano, e já são quatorze.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, o tempo de V. Exa. está esgotado. O Ver. João Dib se inscreve e cede o tempo ao Ver. Reginaldo Pujol, com a aquiescência dos Vereadores Juarez Pinheiro, Clênia Maranhão e José Valdir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Ver. João Dib, agradeço a V. Exa. pela cedência do tempo.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte ? (Assentimento do orador.) A idéia do Ver. Gerson Almeida pode ter sido muito boa, mas a aplicação do Projeto é extremamente complicada. Veja que o Parágrafo 2º, do art. 1º, diz que as convenções condominiais, em vigor na data da publicação dessa Lei, deverão ser adequadas para contemplar o disposto no caput desse artigo. Isso já é extremamente difícil. A maioria dos edifícios não conseguiriam enquadrar-se nessa solicitação, fora outras que aqui estão colocadas, e só estou dando um exemplo. Então, pode ter sido uma boa idéia, mas faltou, o que o Ver. João Bosco Vaz está pretendendo fazer, assessoria.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço pelo aparte esclarecedor, Ver. João Dib. Coloco ao Plenário uma posição que quero que fique muito bem expressa. Eu sou um cruzadeiro no sentido de expandir, ao máximo possível, a competência do Vereador. Acho que toda vez que pudermos preservar algum Projeto de um colega nosso, que seja inquinado pela iniciativa, sob a alegação de invasão de competência privativa da União, do Estado ou do Município, nós temos que buscar de todas as maneiras possíveis encontrar esse tipo de saída do impasse. Eu seria incoerente se não estivesse repetindo esse discurso nessa hora. Parece-me que o Ver. João Dib bate em uma tecla muito importante. É que o propósito do Ver. Gerson Almeida, hoje Secretário do Meio Ambiente do Governo Raul Pont, é bom, mas, no meu entendimento, o Vereador escreveu demais ou, provavelmente, escolheu a forma inadequada, porque o Ver. Pedro Américo Leal, que é sabidamente um dos mais luminários Vereadores que esta Casa conheceu, disse claramente que se podia fazer uma mudança inclusive no Código de Edificações, condicionando a liberação das plantas à existência de determinadas áreas previamente comprometidas com a utilização para recreação e lazer das crianças. Uma coisa que todos nós como pais, avós, seres humanos, nos preocupamos é que aqueles que estão vindo atrás de nós possam ter a melhor qualidade de vida possível e que nós possamos contribuir com isso. Não foi outra a intenção do Ver. Gerson Almeida, que inclusive até justifica e se posiciona diante do parecer do Ver. Nereu D’Ávila, que acoimou de inconstitucional a sua proposição e foi acompanhado por unanimidade dos integrantes da Comissão de Constituição e Justiça, diz: “Manifesto, data vênia, contrariamente ao Parecer exarado pela douta Procuradoria. A Constituição Federal preceitua que a Legislação Municipal pode suplementar ou complementar a Federal, ou a Estadual, desde que não haja contrariedade ou choque entra elas. Art. 30. parágrafo 2º. É exatamente o que ocorre com essa minha proposição ao pretender que, nas convenções condominiais dos edifícios, seja estabelecida a reserva de espaço nas áreas de uso comum destinado ao lazer das crianças e adolescentes.” Ora, vejam bem, o condomínio só se instala depois que o prédio está construído. E aí, não tem mais o que definir de área, porque as áreas já receberam prévia definição, quando foram objeto da aprovação da planta do prédio pela municipalidade. Continua. “Essa proposta do Projeto de Lei objetiva apenas que, no Município de Porto Alegre, sejam implementadas medidas que atendam aos direitos das crianças e adolescentes, consagrado na convenção dos Direito da Criança e do Adolescente, documento do qual o Brasil é signatário. Assim, solicito trâmites regimentais.” É a justificativa do Ver. Gerson Almeida.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: Vossa Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu encontro todo o fundamento do Projeto, nessa justificativa, e acho que qualquer coisa que venha a beneficiar a criança, do ponto de vista de lazer, de brinquedo, que é muito parecido com a alimentação, isto é, criança que tem lazer, tem sanidade mental, é fundamental para a sanidade mental a criança brincar. Eu acho que, sob qualquer aspecto, o Projeto tem tanto mérito, que deve ter a unanimidade da Casa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exa. e digo que esta matéria é daquelas que nos levam à verdadeira situação de impasse. Em verdade, por mais que eu queira ver, na proposição, condições de superação desse obstáculo de inconstitucionalidade, pela flagrante invasão na área do Direto Civil, eu fico na atroz dúvida, de manter a coerência na minha proposição, permanentemente, sustentada nesta Casa, de que o artigo 30 da Constituição Federal, é um verdadeiro mar a abrir as possibilidades de legislação dos Vereadores, enquanto integrantes dos legislativos municipais. E, de outro lado, as normas expressas referidas pela Procuradoria, relativamente a outros dizeres da Constituição Federal, ao tornar privativo da União o direito de legislar sobre matéria de Direito Civil, e as cartas condominiais, em decorrência de disposição do Direito Civil Brasileiro, parece-me, são inadaptáveis a regramentos outros, senão aqueles que já foram determinados. Coloco com a maior lisura, transparência e tranqüilidade este debate, demonstrando a minha fragilização diante do processo. Estou dominado pela ânsia de acompanhar o meu colega, ainda que licenciado, apaixonado pela idéia, tresloucadamente comprometido com o princípio, mas enfrentando um obstáculo insuperável, que é a impossibilidade de colocar, o mínimo possível, dentro da regra jurídica, essa excelente proposição do Ver. Gerson Almeida. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o veto do Sr. Prefeito Municipal demonstra o critério que tem o governo municipal nas questões de legalidade e constitucionalidade. O autor da proposta, Ver. Gerson Almeida, hoje Secretário Municipal do Meio Ambiente, é um Vereador de situação que nesta Casa defendia, e voltará a defender, os Projetos do Governo. E é por tratar-se de uma matéria contrária a uma lei federal, que o Poder Executivo não deixará de vetar. O problema dos condomínios é assunto dos nossos tempos. Creio que talvez a questão dos condomínios tenha nascido com o Comendador Heingants, em Rio Grande, e que aqui em Porto Alegre tenha tido um desenvolvimento expressivo com a Vila do IAPI nos idos de 1920, 1930, quando foram erigidas aquelas construções coletivas. Realmente é séria a questão dos condomínios. Recebi, no meu gabinete, semana passada, uma pessoa que mora em um condomínio, onde um proprietário tem sete economias, ela tem uma economia e outras duas pessoas têm as demais economias. O que essa cidadã porto-alegrense passa em face da má-administração do síndico, é algo kafkaniano. E ela, por sua postura de lutar contra as injustiças, está tendo, por incrível que pareça, que pagar todas as multas do condomínio. Realmente é uma matéria complexa, a Vera. Clênia Maranhão tem tratado dessas questões, e não é coisa fácil. Assim como entendemos que não pode o Poder Executivo não aceitar nada do que é proposto nesta Casa, também temos que saber que temos limites nesta Casa. A questão da legalidade e da constitucionalidade, e já dizia isso em outra Sessão, é uma obrigação inafastável do Poder Executivo, o controle da constitucionalidade das leis visa a manter o próprio processo democrático. A partir do momento em que o Executivo não cumprir essa tarefa, a partir do momento em que a Comissão de Constituição e Justiça não cumprir essa tarefa, que faz parte do controle da constitucionalidade das leis, nós podemos cair num verdadeiro caos.

A matéria realmente comporta alguma controvérsia, porque quando a matéria é privativa da União, em algumas situações, de forma suplementar, quando não se trata de normas gerais, é possível que o Poder Legislativo complete essas normas. Não é o presente caso. Além do mais fica claro que, apesar de toda a justeza da proposta do Ver. Gerson Almeida, a forma de encontrar a solução para essas questões é através da Legislação Federal ou através do Plano Diretor, no sentido da exigência daqueles equipamentos quando da aprovação dos Projetos de Leis que tratam de condomínios verticais ou condomínios horizontais. Temos que ter esse cuidado nesta Casa. O Ver. Gilberto Batista levantou a questão dos títulos honoríficos, alguns são Projetos de Resolução, outros Projetos de Lei. O Poder Executivo, no Orçamento da cidade, de nove Emendas aprovadas, vetou apenas duas. É muito fácil a gente percorrer o governo passado e olhar para a Assembléia Legislativa: verificaremos que nenhuma das emendas, sejam populares, sejam emendas do Poder Legislativo - o Ver. Pedro Américo Leal já havia saído de lá, não era mais Deputado - eram todas vetadas. De nove emendas, apenas duas foram vetadas. Agora, acharmos que podemos fazer tudo e passar para a população - principalmente agora, que temos um meio de comunicação eletrônico que democratizou o debate e que cidadãos desta Cidade tomam ciência daquilo que acontece - que podemos fazer tudo aqui, podemos modificar a Constituição Federal, a Constituição Estadual, a legislação federal, tem um certo limite. E eu faço isso inclusive quando conto com o apoio dos Senhores Vereadores para tratar das questões sobre bancos, por exemplo, que é uma controvérsia importante, e que essa Câmara, reconheço, com o apoio dos meus colegas, vem tencionando e mostrando que a competência é do Município, mas daí a questão de discutirmos se é competência municipal ou se é competência da União. No presente caso, o art. 22, da Constituição Federal, não deixa dúvidas. Nesse sentido, reconhecemos o mérito do Projeto do Ver. Gerson Almeida, mas apenas por essas razões nós votaremos pela manutenção do veto e contra o Projeto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Saúdo a presença do Deputado Federal Henrique Fontana. É uma honra recebê-lo.

A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me inscrevi, em nome da Bancada do PMDB, para discutir o Projeto de autoria do Ver. Gerson Almeida, um Projeto muito importante e interessante, apesar da sua simplicidade, e um Projeto que se refere à obrigatoriedade da inclusão, nas convenções de condomínio, de um dispositivo para garantir um espaço de lazer para crianças e adolescentes. Nenhum Vereador que me antecedeu se colocou contra o mérito desse Projeto. Quem mora em Porto Alegre, uma Cidade grande em relação às demais cidades do nosso Estado, sabe das dificuldades que têm os pais de ocuparem as crianças e o quanto é prejudicial à vida de uma criança ficar presa em um apartamento. Uma criança que mora em casa, tendo espaço, tem possibilidade de desenvolver mais rapidamente sua capacidade de caminhar. O espaço é fundamental para as pessoas, principalmente para as crianças. Muitas vezes, os condomínios, mesmo aqueles que têm um pequeno espaço de lazer, são ocupados pelos adultos. Em alguns condomínios não há espaços e quando há, são usados para atividades de adultos. Isso gera muitos conflitos entre os adultos e as crianças, porque as crianças acabam correndo nos espaços livres do condomínio, gerando inúmeros acidentes. Hoje há iniciativas de vários condomínios em que, na eleição para síndico, elegem também o síndico-mirim, para representar os interesses dos jovens, crianças e adolescentes. Porto Alegre, em vários momentos, tem dado exemplo de ter legislações extremamente modernas, que servem de referência para outras cidades. E quando eu tomei conhecimento do Projeto do Vereador, que se refere à criação dos espaços de lazer nos condomínios, pensei que a Câmara estaria aprovando um Projeto que, sendo implantado, seria uma referência para outras cidades.

Eu havia falado antes que nenhum Vereador se colocou contra o mérito dessa questão. É evidente que todos nós achamos que essas crianças têm direito ao lazer. Acho que o Ver. Cláudio Sebenelo foi feliz na sua intervenção. Lazer para uma criança é tão fundamental como o alimento e a saúde para o seu desenvolvimento mental. Estamos aqui discutindo coisas muito importantes, principalmente porque estamos representando uma questão que é importante para a vida daquele cidadão que, enquanto criança, não tem espaço de representação formal, ainda, na sociedade, na área do legislativo. O que temos que discutir é a questão legal, jurídica, que foi colocada pelo Ver. Juarez Pinheiro, que é um advogado, mas eu queria rebater os argumentos do Vereador, dizendo que, a partir da Constituição de 1988 e aquelas séries de legislações que se sucederam a esse momento político da sociedade, que foi um momento de mobilização que deu origem ao Código de Defesa do Consumidor, que deu origem ao Estatuto da Criança e do Adolescente, essas leis que surgiram desse tipo de mobilização, desse crescimento da sociedade, desse sentimento, pela sua própria origem, acabaram se transformando em legislações que se inclinam para uma autonomia muito grande. O Estatuto da Criança e do Adolescente tem supremacia sobre várias outras legislações, não apenas do ponto de vista humano, mas também do próprio ponto de vista legal.

Se nós considerarmos que o Estatuto da Criança e do Adolescente é uma verdadeira constituição brasileira de defesa dos direitos da criança para esse setor, acho que a primazia tem que ser para aquilo que está implícito, apresentado e defendido por aquele Estatuto. Essa Lei é importante. Acho que temos que derrubar o veto do Senhor Prefeito. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - com Veto Total.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, novamente estamos diante daquela situação que eu colocava há pouco, da questão da forma e do conteúdo. O conteúdo desse Projeto, nenhum de nós têm nada contra. Sabemos dos conflitos que essa questão dos condomínios tem causado à população, especialmente quando os condomínios vêm associados a imobiliárias. Eu, inclusive, já vivenciei isso. Precisei sair de um condomínio desses para poder criar os meus filhos adequadamente, pois no condomínio não havia área de lazer para as crianças. Todos sabemos da importância para o desenvolvimento físico e mental da criança que ela tenha garantido o direito de brincar, que está no Estatuto. Agora, essa matéria é, do ponto de vista jurídico, altamente polêmica. Isso já foi dito aqui por todos os que me antecederam. Mesmo a voracidade crítica da oposição não conseguiu deixar de reconhecer um dado da realidade, que essa matéria é altamente polêmica e que, portanto, se ela é polêmica, mesmo com essa voracidade crítica em relação ao Prefeito, há que se reconhecer dois grandes méritos do Executivo nessa matéria: o primeiro é o desprendimento, a isenção, o critério ao julgar os projetos. A oposição sempre tem dito aqui, em momentos de crítica mais veemente, que o Executivo faz diferença entre os “amigos do rei” e os “não amigos do rei”. Pois, hoje, temos aqui três Projetos oriundos de Vereadores da nossa Bancada, que foram vetados pelo Prefeito, com a maior tranqüilidade, o que revela que o Prefeito tem critérios. Não é assim como a oposição, às vezes, costuma alardear. Em segundo lugar, é preciso salientar o cuidado, a seriedade com que o Executivo procurou tratar essa matéria. Tenho certeza de que o Prefeito e sua assessoria sabem, têm conhecimento, concordam que tem que se combater essa situação que o Projeto procura sanar, que é a questão dos condomínios que não têm espaço de lazer para crianças e adolescentes, mas os próprios doutos jurídicos desta Casa admitiram que essa matéria é altamente polêmica. Nós vamos aprovar um Projeto que invade uma competência privativa federal? Vamos fazer isso? É uma questão que o próprio Ver. Reginaldo Pujol - todos sabemos de seu grande conhecimento jurídico - confessou aqui que ainda não sabe como lidar com isso, com esse desafio que está colocado. Ou nós vamos nos basear no argumento, a meu ver um argumento frágil, que é o art. 30 da Constituição, o argumento lançado pelo Vereador autor da matéria? Por isso tenho certeza de que o Prefeito foi extremamente responsável e não fez nenhuma distinção nesse Projeto, como em outros, entre Vereador de situação e Vereador de oposição, e analisou com seriedade a questão jurídica, que é uma questão que deve sempre presidir os atos do Prefeito, sob pena, inclusive, de crime de responsabilidade.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, eu não estou criticando o Prefeito por ter vetado, e creio que ele tenha razões jurídicas para vetar, mas entre a razão jurídica e essa razão, mil vezes superior a qualquer texto jurídico, que é a necessidade imprescindível de a criança ter espaço - e o dado estatístico é estarrecedor, em Porto Alegre há um número grande de edifícios sem espaço de lazer para a criança - na polêmica, convoque o seu coração para votar, Vereador.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Mas a lei não é um problema de coração. Ir contra ou a favor da lei não é problema de coração.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: No impasse entre a lei e o interesse da criança, vote com o coração.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Se as leis estão colocadas, se invade competência, por mais que o seu coração diga que o Projeto tem mérito, o Prefeito tem, sob pena de crime de responsabilidade, que vetar o Projeto. Como o fez, inclusive com um Vereador da sua Bancada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - veto total.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero cumprimentar o Deputado Federal Henrique Fontana, que durante muito tempo abrilhantou esta Casa com as suas idéias realmente brilhantes. Estivemos sempre em campos antagônicos, mas sempre declarei o meu respeito e minha admiração pelo seu trabalho. Quero cumprimentar, também, o nosso Vereador de Curitiba que está nos visitando, é um prazer muito grande contar hoje com sua presença aqui em nosso Legislativo.

Srs. Vereadores, nós estamos diante de um veto a um Projeto de um Vereador que não pertence à nossa vertente ideológica. O Ver. Gerson Almeida conseguiu fazer um Projeto, Ver. Pedro Américo Leal, que vem ao encontro do interesse da sociedade. O Ver. Gerson Almeida quer que nos condomínios a serem construídos nós possamos ter uma área de lazer garantida. Quando vimos o Veto do Sr. Prefeito Municipal nós ficamos boquiabertos, porque eu acreditava que a Bancada Petista, os Vereadores Petistas trabalhassem em consonância com o Chefe do Executivo porque pertencem ao mesmo Partido. Mas não. Eles não se entendem. Ver. João Dib, antes de V. Exa. se retirar eu quero apenas chamar o testemunho de V. Exa. para um Projeto que também levou em consideração a melhoria, ou a piora na área de condomínios. V. Exa. está lembrado de que no ano passado nós votamos aqui um Projeto de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que obrigava que nos condomínios todos os apartamentos, todas as unidades tivessem o seu hidrômetro, o que obriga, também, que tenham aquelas caixas d’água construídas para cada apartamento a fim de que se torne possível essa medição de água. Eu ouvi comentários a esse respeito, dizendo: “Isso só serve à fábrica de hidrômetros, porque, na verdade, vai dar vantagem apenas para aqueles que fabricam hidrômetros, porque não traz uma vantagem a mais para os condomínios”. Eu ouvi comentários assim e não quis discutir a respeito, mas esperava, por exemplo, já que havia dúvidas na sociedade com relação àquele Projeto, que o Sr. Prefeito Municipal viesse a vetar o Projeto, porque, de acordo com os comentários que eu ouvi a posteriori, seria esse Projeto contrário ao interesse público. O Prefeito acabou sancionando o Projeto. Hoje eu vejo um Projeto que, no entender de todos, é favorável e está, na verdade, ao lado do interesse público, está ajudando a população. Nós temos que ter uma área de lazer nos condomínios. Aí vem o Sr. Prefeito Municipal e veta. Os Vereadores do PT citam da tribuna o artigo nº 22 da Constituição, onde consta que é privativo da União o direito de legislar sobre Direito Civil. Veja só, Ver. Pedro Américo Leal, esses mesmos Vereadores que hoje vêm aqui defender a Constituição são os Vereadores que, na semana passada - não faz muito tempo, na sexta-feira ainda ouvi esse discurso da tribuna, pelo menos de um dos Vereadores - pregaram a desobediência civil. Ora, eu não entendo. Desobediência civil em determinados casos, apenas quando interessa a algum Vereador ou ao grupo que está encastelado no Paço Municipal. Hoje, parece que a desobediência não serve mais, parece que esse discurso foi repelido pelo Vereadores Petistas. Eu só espero que, no final deste debate, possamos entender os Srs. Vereadores do PT, se trabalham junto com o Sr. Prefeito Municipal, se fazem parte de um mesmo grupamento, se discutem os Projetos com o Executivo Municipal ou se, na verdade, eles também não conseguem se entender com o Dr. Raul Pont. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Vereadores, venho à tribuna para discutir esta matéria que, no meu ponto de vista, é polêmica, no sentido jurídico, mas quanto ao mérito, quero até parabenizar o Ver. Gerson Almeida pela iniciativa de fazer um Projeto que beneficiará muitas crianças de nossa Cidade. Como já foi dito aqui desta tribuna, o Projeto recebeu votos favoráveis e um voto contrário, dos dezessete Vereadores em Plenário. Como mérito, acho que por ocasião dessa votação havia somente esses Vereadores em Plenário, porque se estivessem os trinta e três Vereadores em Plenário, este Projeto teria sido aprovado por unanimidade. Ele beneficia a criança e o adolescente. Como já falei, o Ver. Gerson Almeida foi muito feliz apresentando este Projeto que destina parte dos condomínios para área de lazer das crianças. Assim como o Ver. José Valdir, este Vereador também teve a oportunidade de morar em apartamento e teve o mesmo problema com os filhos, não havia espaço para lazer e optamos por uma troca para que nossos filhos pudessem ter esse espaço. É muito importante, como disse o Ver. Cláudio Sebenelo, é tão importante quanto a alimentação.

O Ver. Guilherme Barbosa fez um aparte ao Ver. Reginaldo Pujol, trazendo estatísticas. Vereador, eu quis ajudar o Ver. Reginaldo Pujol dizendo dos 80 Projetos que a oposição fez nesta Casa. V. Exa. diz que o Prefeito vetou 22. O Ver. Reginaldo Pujol diz que, tranqüilamente, quarenta sejam de nomes de ruas. Eu, para ajudá-lo, disse que muitos deles eram de Títulos de Cidadãos de Porto Alegre, os quais o Sr. Prefeito pode vetar; nunca vetou, mas tem essa autonomia para vetar.

Então, V. Exa. trouxe essa estatística para nós, Vereadores, mas não corresponde à realidade do que V. Exa. falou dando essa informação, porque muitos deles são Projetos de nomes de ruas e títulos de cidadão, essa porcentagem cai bem abaixo do que V. Exa. falou. O Ver. José Valdir teve a preocupação de não entrar no assunto da questão jurídica. Eu sei que o Prefeito está tendo o cuidado de vetar essa matéria pelo lado jurídico, porque eu não acredito que o Prefeito de Porto Alegre tenha o coração tão duro para não reconhecer que esse Projeto vai beneficiar muitas crianças na Cidade de Porto Alegre. Eu não acredito que o Prefeito Raul Pont seja uma pessoa amargurada, porque um Prefeito que veta um Projeto dessa natureza só pode ser uma pessoa amargurada da vida, ou não tem filhos, ou sempre morou em casa, nunca morou em condomínio. Juridicamente, até posso concordar; agora, pela razão de beneficiar a criança, ele vetar, eu digo aqui, publicamente, eu sou favorável à razão dessa questão. Nem que mais tarde eu possa, lá na Justiça, ter problemas, eu, em primeiro lugar, veria, com muita tranqüilidade, a criança. A criança em primeiro lugar, porque é ela que nós devemos educar, fazer crescer na nossa Cidade, para ser uma criança com um futuro garantido, tanto na sua área de lazer, na sua área educacional, na sua área de saúde, enfim, em todas as áreas da vida de uma pessoa. Então, Vereador, eu vou pelo lado da razão. Juridicamente, pode até o Prefeito estar com a razão, mas é um Projeto de um Vereador da sua Bancada, um Vereador que foi seu Líder aqui nesta Casa, um Vereador que hoje é Secretário da SMAM e que faz um Projeto brilhante, e o Prefeito Raul Pont Veta. E vou ler, aqui, o que diz a Exposição de Motivos, diz assim o Ver. Gerson Almeida: “O problema de segurança é grande, as situações de exposição aos traficantes de drogas e a privação de um convívio num espaço saudável e protegido são conseqüência dessa falta de compreensão e até de omissão dos pais e responsabilidades necessárias e dos direitos das crianças e dos adolescentes consagrados na convenção sobre os Direitos das Crianças na Constituição Federal, Estadual e na Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.” E o Prefeito Veta esse brilhante Projeto do nosso colega ainda Vereador, Secretário, ex-Líder do seu Governo, Ver. Gerson Almeida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - veto total.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A minha estatística não é baseada na minha vontade. Fizemos um levantamento na Casa e, dos oitenta e dois projetos aprovados, de autoria da oposição, o Executivo vetou vinte e dois. Vários desses, com certeza, são nomes de rua, alguns títulos, e assim por diante. Mas, se fizermos este levantamento, vamos ver que muito mais Projetos da oposição o Prefeito sancionou do que vetou. Então, não há nenhuma sanha “vetadora” do Prefeito. Diferente do que ocorreu na Assembléia Legislativa - e já disse isso o Ver. Juarez Pinheiro - onde praticamente nenhum projeto, nenhuma emenda da oposição na Assembléia Legislativa era sancionada pelo Governador Antonio Britto. Esta não é a minha vontade ou uma subjetividade. É um levantamento feito na Casa.

Em segundo lugar, felizmente, não somos iguais. A nossa Bancada, quando tem uma posição única, ela é construída no debate. Somos seres diferentes uns dos outros, felizmente, porque, senão, seria uma grande monotonia. Vimos há pouco, no espaço da Pauta, que o Ver. João Dib criticou um Projeto do Ver. Hélio Corbellini. Imediatamente, veio o Ver. João Carlos Nedel e defendeu o Projeto. Não vi ninguém comentar isto. Mas, é natural das Bancadas. Elas só constróem uma posição unitária se discutirem. É o que nós costumamos fazer, para termos uma posição única.

Tem o aparte o Ver. João Dib.

 

O Sr. João Dib: Nobre Ver. Guilherme Barbosa, durante o pronunciamento do Ver. João Carlos Nedel, eu dizia que a nossa Bancada, democraticamente, divergia.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: No nosso caso, quando construímos posição única é através do debate e não a partir de imposição de Líder, como algumas outras Bancadas desta Casa agem. Já pedi muitas vezes, e é um compromisso meu, de que nós não entremos na vida dos outros Partidos. Eu procuro evitar isto, porque se eu fosse falar do PTB, por exemplo, eu teria muito a dizer, mas não vou falar. Cada um cuida da sua casa. É um apelo que já fiz, e quero manter este procedimento enquanto Líder da Bancada. Teríamos muito a dizer de feio.

Mas, quero ir ao Projeto. Por que o veto do Sr. Prefeito Municipal ao Projeto do Ver. Gerson Almeida? Há uma legislação federal forte sobre isso, na questão dos condomínios, Vera. Clênia Maranhão. A Procuradoria da Casa já tinha levantado esse aspecto. Eu também já tinha conversado com o Ver. Gerson Almeida, com a seguinte justificativa: com esse Projeto, a lei vai valer para os condomínios existentes e a maior parte deles não terá condições de ter espaço de lazer. Acho que o procedimento correto de algum Vereador desta Casa, agora que estamos construindo o novo Plano Diretor para a Cidade, é colocar isso no Plano Diretor, para os prédios que serão construídos. Esse é um procedimento correto. Assim nós vamos ter uma legislação consistente, que pode ser aplicada. Por isso, nós vamos acompanhar o Veto do Sr. Prefeito. Já falei com o Ver. Gerson Almeida, Secretário do Meio Ambiente, e ele, em cima das argumentações, aceitou o Veto.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. disse que teria muito a dizer com relação aos outros partidos e que era coisa feia. Com relação ao PTB, V. Exa. está livre para dizer tudo aquilo que pensa. Só que responderá pelas conseqüências que poderão advir de suas palavras.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Eu não vou responder e nem detalhar, porque esse é um procedimento meu, a população toda sabe. Eu volto ao mérito do Projeto ...

 

O Sr. Luiz Braz: Eu volto a insistir ...

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, eu cancelo o aparte ao Ver. Luiz Braz. Voltando ao mérito do Projeto, quero dizer que, a partir dessa consideração, de uma legislação federal consistente, da impossibilidade de se aplicá-la na totalidade, no futuro, eu acho que a Casa deveria acatar o veto do Sr. Prefeito, e tentar construir uma outra legislação em que isso possa de fato ser implementado, para que a gente possa ter espaços de lazer para crianças e adolescentes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra, por cessão de tempo da Vera. Tereza Franco.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores...

 

A Sra. Tereza Franco: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, eu cedi o meu tempo a V. Exa., mas eu fiquei com a “moral mordida” pela expressão que o nobre Vereador do PT usou sobre o meu Partido.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Infelizmente, Vera. Tereza Franco, o Vereador Líder da Bancada Petista disse que poderia falar coisas incríveis a respeito dos outros Partidos. E eu disse para ele, num aparte que ele cassou, que o meu Partido estava à disposição para que ele falasse e o que bem entendesse. Eu tenho a impressão que ele não me concederia o mesmo benefício, porque se nós fôssemos falar as verdades com relação aos partidos políticos, eu acredito que ele ficaria numa desvantagem muito grande.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, gostaria que V. Exa. retomasse o tema.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Retorno ao tema, Sr. Presidente. Eu comecei a fazer esse tipo de encaminhamento e essa discussão exatamente porque o Ver. Guilherme Barbosa também se referiu dessa maneira deselegante, como sempre faz, aos outros partidos políticos, não só ao meu, e acredito que ele deveria cuidar da sua casa que anda muito suja. Só isso.

Inclusive quando me referi, aqui da tribuna, ao seu Projeto de Lei - e estou falando agora de condomínios - que criou a necessidade de hidrômetros para os apartamentos de todos os condomínios desta Cidade, eu disse que só servia a fábrica de hidrômetros. Eu não ouvi alguma coisa que pudesse justificar este Projeto de Lei aprovado no ano passado e o mesmo não ter sido vetado pelo Sr. Prefeito Municipal.

Eu falo exatamente porque, com relação a este Projeto do Ver. Gerson Almeida, o Sr. Prefeito Municipal não agiu da mesma forma. O Sr .Prefeito Municipal agiu de uma forma desigual neste Projeto que, eu acredito, vem ao encontro do interesse público. Ele vetou este Projeto do Ver. Gerson Almeida e resolveu aprovar o Projeto do Ver. Guilherme Barbosa.

Quero confessar aqui da tribuna que, no ano passado, eu fui ludibriado. O Ver. Guilherme Barbosa pediu o voto deste Vereador para aprovar o seu Projeto de Lei. E, mesmo contrariando a orientação que tinha do Ver. João Dib, que me orientava no sentido contrário, eu acabei votando favoravelmente ao Projeto do Ver. Guilherme Barbosa, até porque acreditava que, naquele momento, o Projeto estava numa linha correta. Posteriormente, me mostraram o engano que tive naquele momento, induzido que fui pelo Ver. Guilherme Barbosa quando solicitou o meu voto. Eu não tive oportunidade de corrigir esse meu erro porque não houve o veto para que pudéssemos voltar a discutir essa matéria. Mas, eu vou utilizar esse tempo que ainda me resta apenas para dizer que vamos votar favoravelmente ao Projeto e contrário ao veto. Apenas vou lembrar a todos aqueles que foram enganados pelo discurso mentiroso, que dizia que aqui o Prefeito não veta a maioria dos Projetos que são aprovados nesta Casa, e lá, na Assembléia Legislativa o Governador Antônio Britto vetava, em grande parte, as emendas que passavam. Não! Acontece que aqui a Bancada oposicionista sempre trabalhou no sentido de fazer com que se buscasse o melhor para a sociedade. Nós nunca trabalhamos para, simplesmente, contrariar os interesses governistas; nós sempre buscamos os interesses da coletividade. Por isso, muitas vezes, aprovamos Projetos apresentados pela Bancada governista. Sobre isso dou meu testemunho: fui enganado, num determinado Projeto, no ano passado, quando acabei votando uma proposição do Ver. Guilherme Barbosa. Depois, explicações de pessoas competentes me levaram a acreditar que os únicos beneficiados foram aqueles que fabricam hidrômetros aqui em Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Carlos Alberto Garcia, que cede seu tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo, que está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria de contar uma pequena história que ouvi num debate entre o Deputado Jarbas Passarinho e Leonel Brizola. O Deputado Jarbas Passarinho dizia: “Se você está no Brasil hoje, você deve a mim, porque eu fui a pessoa que idealizou a Lei da Anistia”. Brizola disse: “Quanta bondade! Estive quinze anos no exílio com a dor da solidão, da saudade, com a desintegração da minha família me picando diariamente a cada hora, a cada segundo, e o senhor levou quinze anos para fazer a Lei da Anistia!”

Pois, hoje, além de discutirmos uma Pauta onde consta um excelente Projeto do Ver. Hélio Corbellini a respeito dos direitos humanos, nós tivemos aqui inúmeras pessoas de uma comunidade situada logo após o fim da linha do Partenon, que pediam, pelo amor de Deus, água e saneamento básico. Três mil pessoas na Cidade de Porto Alegre, em 1999, sem água e sem saneamento básico! E sabem qual foi a resposta oficial a essas pessoas? Que já foram tomadas as providências, mas que vai demorar. Poderia haver solidariedade com essas pessoas e, no mesmo momento, dizer: providenciaremos junto ao DMAE seis mil litros de água, um caminhão para dar água, permanentemente, a essa gente; estar lá, junto, solidários, socorrendo, fazendo o mais rápido possível. Ou talvez mandem para o Orçamento Participativo!

É este o problema que estamos discutindo e debatendo, agora, aqui, essa questão de tempo. Não há mais tempo em relação aos espaços reservados às crianças. Agora, não se discute mais a lei, a viabilidade ou não, o que se quer, de agora em diante, é que todas as construções de Porto Alegre prevejam um espaço para as crianças, que aqueles que não têm passem a ter, aqueles que são destinados aos adultos passem a ser cedidos para as crianças.

Pois é este Projeto que depende da democracia do PT, e só dela, porque é um Projeto que necessita do número de votos para ser aprovado, pelo seu conteúdo humano, candente, social. Pelo resto de humanidade que pode sobrar a uma Bancada inteira, este Projeto não pode ser reprovado, não pode ser vetado. O Prefeito tem razões? Tem. Quem é que está criticando o Prefeito? Ninguém criticou, aqui, o Prefeito que tem direito jurídico. Mas, nós temos o direito político, também, de não aceitar o veto.

Por isso, estou na tribuna, para trazer àquelas pessoas que estão, neste momento, tão apegadas à leis, o exemplo do Albergue Dias da Cruz, que foi levado à Justiça porque alugava um quinhão do terreno cedido pela Prefeitura para uma locadora de automóveis, que sustentava o Albergue Dias da Cruz. E o Juiz disse que o processo não precisava ter chegado ao Judiciário, bastava o bom senso e a magnanimidade de um Prefeito, de um responsável pela Prefeitura para entender que o problema social do Albergue Dias da Cruz é mil vezes maior do que a fria letra de uma lei, pois não é uma ciência exata, não é uma matemática. Se é polêmica, que se decida para o lado polêmico, para o lado do coração, para o lado das crianças, pois nós temos a convicção de que essa dimensão de tempo, que referimos no início, há de sensibilizar a Bancada do PT.

A aceitação de um espaço para as crianças é a aceitação de vida para essas crianças. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - veto total.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero esclarecer ao Plenário para que não fiquem dúvidas a respeito da posição do autor do Projeto, Ver. Gerson Almeida, atual Secretário. Eu tive a oportunidade de falar com ele, e a sua opinião é a mesma da nossa Bancada. Portanto, acho que é perda de tempo certos argumentos que alguns Vereadores tentam jogar para o Plenário. Querer aqui criar uma confusão de posição entre o Ver. Gerson Almeida, autor do Projeto, o Executivo e a nossa Bancada é ou uma ingenuidade ou uma perda de tempo, porque nós estamos absolutamente cientes da situação, e a solução sugerida pelo Executivo é aquela sugerida para várias outras situações, quando há o impasse jurídico, que é uma saída política. É evidente que o Ver. Gerson Almeida está de acordo com esse encaminhamento. Basta dar uma olhada no Projeto dele para verificar-se os riscos de natureza jurídica, etc. Ninguém, aqui, ao dizer isso, quer dizer que não haja mérito no Projeto ou que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre não está preocupada em propor políticas públicas na área da criança e do adolescente. Aliás, pelo que se sabe, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre foi uma das primeiras prefeituras do Brasil a adotar, assumir e instalar o Conselho da Criança e do Adolescente.

Então, para esclarecer ao Plenário, quero dizer que a posição do Ver. Gerson Almeida é essa: o compromisso do nosso Governo, assumido perante o Vereador é de nós continuarmos discutindo esse assunto, esse tema sugerido pelo Projeto de Lei, para tentarmos verificar alguma alternativa em nível local. Agora, eu gostaria de devolver ao Ver. Luiz Braz e ao Ver. Cláudio Sebenelo, que foram tão ofensivos nas suas argumentações, que pelo menos assumissem a sua “mea culpa” em nível do Estado e da União. Porque não é possível acharmos que todos os males do mundo que aflige as crianças e aos adolescentes em Porto Alegre, são obras exclusivas da Administração Popular. Esse discurso, Ver. Cláudio Sebenelo, sinceramente, eu acho que é falta de argumentação. Agora, eu lamento isso, porque tenho por V. Exa um profundo respeito e acho que V. Exa é um Vereador culto e, evidentemente, teria dezenas de argumentos para brindar e a oferecer a este Plenário. Idem ao Ver. Luiz Braz, que é um Vereador experiente, foi Presidente desta Casa, é Líder da sua Bancada e tem que conviver com essa situação. Eu acho que o seu Partido, por exemplo, em nível do Estado e em nível Nacional tem tido uma trajetória, na minha opinião, absolutamente incoerente. Portanto, cobrar políticas públicas na área da saúde, Ver. Giovani Gregol, quando se discute o mesmo tema no Congresso, alinha-se da forma como se alinha com o Governo Federal, sem nenhum ponto de vista crítico para preservar a autonomia, inclusive do seu Partido, perante a relação do Governo. Eu acho gozado isso, porque isso não vale para PTB, vale para o PT. Quer dizer, eu acho que devemos politicar e qualificar o debate. E estou preocupado com isso, porque nos últimos dias é a segunda vez que venho à tribuna falar sobre os Projetos, e eu estou achando que está havendo por parte de alguns Vereadores uma ênfase exagerada à disputa política em si. E a disputa política em si ela é totalmente inócua, não leva a nada. Por exemplo, a seguir pela lógica, pela fala do Ver. Cláudio Sebenelo, Ver. Lauro Hagemann, nós não temos solução para esse problema. Certo? Não é essa a nossa intenção, nós queremos uma solução, e qual é a solução, qual a mediação, possível neste momento? É dizer que a nossa Bancada, juntamente com o Ver. Gerson Almeida, juntamente com o nosso Governo, juntamente com os Conselhos, vamos lutar para que se radicalize os direitos das crianças e dos adolescentes da forma que for possível em Porto Alegre. Agora, não iludindo a população com discursos vazios e irresponsáveis. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - veto total.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, eu acredito na seriedade e que o Ver. Gerson Almeida teve as melhores das intenções, porque é uma pessoa séria, que se preocupa com as crianças e com todas as questões sociais desta Cidade, deste Estado e deste País. Eu nunca vi como existem pessoas nesta Casa que pensam que podem diminuir a capacidade e inteligência das pessoas que estão assistindo e acompanhado a nossa Sessão. Querem mascarar a realidade com tipos de discursos que temos ouvido aqui, que não é apenas neste veto, são em todos. Eu nunca vi tanta demagogia, querendo mascarar a realidade que vive o nosso País, porque, antes, a cartilha, nesta Casa, era discutir os problemas até a Ponte do Guaíba. Agora não é assim. Agora os problemas são maiores, e é assim mesmo que temos que enfrentar. Não precisa ser sociólogo, cientista político, para entender que a eleição nesta Cidade foi antecipada. Então, vamos assumir, com seriedade, que existem aqui Projetos diferenciados, que existem pontos de vista diferentes, que existem ideologias diferentes. Essas ideologias estão sendo colocadas, ainda bem, de uma forma cínica, errada, a pensar que as pessoas não têm capacidade de pensar e raciocinar. E o resultado não foi muito longe. Foi essa mesma forma de política que tentaram fazer nas eleições ao Governo do Estado. Ainda bem que a população demonstrou quem estava falando a verdade. Portanto, eu acho que devemos começar a ter uma intervenção mais responsável, e não fazer de um veto como se estivéssemos aqui digladiando, como digladiadores, numa arena, onde a população está sendo menosprezada na sua inteligência. Nós temos aqui uma responsabilidade do Executivo, de fazermos com que esse veto não passe, por uma questão de responsabilidade legal. Agora, se o entendimento é para distorcer, de uma forma politiqueira e irresponsável, pois vamos à briga. Nós estamos aqui para enfrentar as situações e temos fôlego suficiente para fazermos, cada vez mais, como foi o movimento de sexta-feira, juntamente com fóruns, apartidários, onde todas as pessoas de seriedade, com boa conduta, que querem um País melhor, estão à frente dessa luta e, cada vez mais, o nosso povo vai demonstrar, nas ruas, o que está acontecendo neste País: uma vergonha. E à frente dessa vergonha está o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Exa. chamou a atenção deste Vereador, corretamente, e este Vereador assentiu que não estava discutindo o Projeto, que estava me detendo num debate político. Agora, a Vera. Maristela Maffei não falou uma linha a respeito do Projeto!

 

O SR. PRESIDENTE: Estava aguardando que ela entrasse no assunto quando ela deixou a tribuna.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Foram cinco minutos sem falar no Projeto em pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Não, ela falou três minutos e vinte segundos, e pensei que ela estava em questões preliminares, como fez V. Exa., para depois entrar no assunto. Não o fez, lamento, e da próxima vez serei mais austero, V. Exa. tem razão.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, no mesmo sentido, o Ver. Luiz Braz gastou grande parte da sua intervenção falando num Projeto sobre os hidrômetros, sobre o qual não se tratava nesse momento. Da mesma forma, se a reprimenda vale para a Vera. Maristela Maffei, se é essa a lógica, ao meu amigo Ver. Luiz Braz também vale a reprimenda.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, V. Exa., desta vez, não tem razão total, porque chamei a atenção do Vereador Braz e interrompi o discurso dele. Não fiz o mesmo com a Vereadora, pensando que ela entraria no assunto. Há um tempo de tolerância, mas às vezes os Vereadores exageram.

O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - veto total.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a proposta apresentada pelo Ver. Gerson Almeida é séria, responsável e vem ao encontro de uma angústia, de uma preocupação que atinge até, com mais contundência, as camadas mais populares, dos bairros onde há os condomínios com unidades residenciais de expressão. Não há dúvida, é uma proposta que vem, de algum modo, ao encontro dos anseios dos cidadãos. De outro lado é importante chamarmos a atenção de que não podemos adotar como uma posição correta, juridicamente, porque ela não é, ela falseia quando ela vem tomada pelo vício de origem. A inconstitucionalidade mina-a de tal modo que ela não pode prosperar. Ao adotar o veto o Prefeito comunga com a lei e com a Constituição que impede a ele dar guarida, de acolher Projeto eivado de vício legal. A proposta é séria, nós conhecemos o Ver. Gerson Almeida, mas ele mesmo tomou plena consciência, a despeito da necessidade da sua proposta, a despeito da seriedade do que ele propõe, a despeito de tudo isso ele tomou conhecimento que a proposta, do ponto de vista legal, do ponto de vista jurídico é própria para o Prefeito apor o veto sobre ela.

A Bancada oposicionista, desenvolvendo um papel que lhe é próprio, peculiar, procura trazer à baila, à discussão para tentar com isso desgastar a Bancada, criar um clima de animosidade, adversidade entre a Bancada e o Executivo Municipal. Está no papel dela, qualquer cidadão que esteja ouvindo esse debate, que esteja prestando atenção está vendo que o propósito da Bancada de oposição é criar um clima desagradável, e o cidadão, que está ouvindo, não vai cair numa esparrela dessa ordem.

Uma das obrigações do Prefeito é apor o veto sempre que ele perceber, através dos técnicos que ele dispõe, ao ser notificado de que o Projeto é inconstitucional, ou é ilegal, ou é inorgânico, é obrigação dele apor o Veto, sob pena de ele, depois, ao tentar agir ou impor, ser tachado ou responsabilizado pela prática de alguma forma de abuso. Se é ilegal, e o Prefeito impõe e exige o cumprimento de tal lei, evidentemente ele poderá ser chamado à responsabilidade, em razão da arbitrariedade, porque o Projeto é contrário à Lei, a iniciativa por ele tomada. Por isso, temos de concordar com o veto, mas sabemos que os espaços de recreação têm importância e significação, especialmente para criança e jovens, mas para adultos e idosos não deixa de ter extrema importância.

Uma das razões que hoje mostra uma lacuna considerável na educação, na formação do nosso jovem, é a ausência de recreação e esporte. Lamentavelmente, a proposta honesta e séria do Ver. Gerson Almeida não pode ser aceita por nós - e assim procedeu corretamente o Prefeito, ao vetá-la -, porque ela é inconstitucional e ilegal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - veto total.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvindo atentamente, como é do meu costume, os colegas da minha e da outra Bancada, resolvi também contribuir com este debate. A partir da data de hoje, na qualidade de primeiro suplente da Bancada da Frente Popular, espero ter a oportunidade de usar desta tributa e de privar da companhia e da inteligência dos colegas e suplentes.

Algumas coisas desta Câmara nós conhecemos, porque estive aqui há dois mandatos, e elas continuam iguais. Algumas coisas mudaram para pior. Penso que os Vereadores, permitindo-me um pequeno parêntese, não deveria haver tanto esse policiamento no sentido de “saiu do assunto, ficou no assunto; ficou no trilho, saiu do trilho”, porque, se fôssemos aplicar uma análise técnica rigorosa a qualquer assunto, nós iríamos ver que é rigorosamente impossível determinar um critério minimamente objetivo e científico para o que seja “ficar” ou “sair” de um assunto. Por exemplo, estamos discutindo aqui a questão da criança e do adolescente, que não é uma questão isolada, porque vivemos num Município que tem autonomia, mas não é uma ilha. Existe, dentro de um Estado, uma unidade da Federação, num País que está num planeta. Não que eu seja globalizante, mas, como dizia McLuhan, cada vez o nosso planeta é uma aldeia, pelo avanço das comunicações. O que se faz aqui, o que se pensa ou se deixa de fazer tem reflexos diretos e indiretos no que se faz no resto do País e do mundo.

O Ver. Gerson Almeida, meu colega e amigo, fundadores que somos do nosso partido, além da sua boa vontade, tem uma competência, tem um acúmulo nessa área que é reconhecida por todos nós publicamente: foi Secretário de Meio Ambiente, voltou a ser, agora, é uma pessoa que tem estudo na área. O veto se dá por motivos mais técnicos, jurídicos.

Um argumento colocado aqui me parece um argumento inteligente, entre outros, que é da dificuldade que teríamos e qualquer governo teria - seja da Frente Popular ou de qualquer cor partidária e ideológica - para implantar esses critérios, essas novas determinações que o próprio Projeto provocaria ou obrigaria, se não fosse vetado pelo Senhor Prefeito nas situações anteriores, porque isso não foi levado em conta nos condomínios que até agora existem no Município de Porto Alegre, pelo menos, porque é disso que se trata. Eu penso que foram bem aqueles oradores que me antecederam, vejo que a preocupação aqui com a situação geral do adolescente é muito grande nesta Casa. Senti aqui a confirmação, a profissão de fé de vários Vereadores e Vereadoras de várias Bancadas nisso. Se estão tão preocupados com isso, temos uma oportunidade única e de ouro na votação do Plano Diretor para contemplarmos essa questão, inclusive com as sugestões e dispositivos que o Ver. Gerson Almeida sugere e outras no Plano Diretor. Temos a possibilidade de fazer isso emendando o Código de Posturas do Município. Quero resgatar aqui um dos assuntos - não querendo me auto-incensar, porque penso ser importante -, que tem pontificado a minha atuação parlamentar, ou melhor, pontificou, que é a defesa da importância e da manutenção, da defesa e do crescimento, da ampliação das áreas verdes de lazer e de preservação no município de Porto Alegre, no mundo inteiro e no País inteiro, mas somos Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada inscreve-se e cede o seu tempo a Ver. Giovani Gregol. Como não há outros Vereadores inscritos, não preciso submeter à anuência dos demais Vereadores.

 

O Sr. Antônio Losada. V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para reforçar, Vereador, as suas colocações, podemos examinar vários condomínios fechados em Porto Alegre onde não há espaço de lazer para as crianças. Os espaços transformaram-se em garagens, em estacionamento de veículos, um verdadeiro desrespeito às crianças e aos adolescentes. Dentro da sua linha de pensamento, V. Exa. tem toda a razão na sua colocação.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Obrigado, Ver. Antônio Losada. Sua contribuição, como sempre, é importante. Nós sabemos que a legislação - não digo nenhuma novidade aos Vereadores -, obriga, e há até legislação nacional nesse sentido, que uma porcentagem grande, em torno de 15 a 20%, salvo melhor juízo, que uma área, de qualquer área de construção - inclusive, da iniciativa privada ou pública, indiferentemente, o que é correto, porque, muitas vezes, os critérios que valem para a iniciativa privada têm que valer também para o Poder Público e vice-versa -, devem ser reservados para áreas de lazer e ou preservação. Nós sabemos que isso nem sempre é cumprido, mesmo na origem. Quantos condomínios fechados ou abertos se inauguram sem que se cumpra, minimamente, essa lei, aqui, no município de Porto Alegre e em todo o País? Chegamos ao caso de que, às vezes, o próprio Poder Público faz obras de habitação popular e de outro tipo e não cumpre a própria lei que ele quer cobrar dos outros. Eu citava uma entrevista muito feliz que ouvia hoje no Canal 10, ao meio-dia, do nosso querido companheiro Newton Burmeister, Secretário do Planejamento do Município e ex-Secretário de Obras, dizendo que, em trinta anos, de 1970 até agora - não completa trinta anos -, o volume construído na Cidade de Porto Alegre - e não estou fugindo do assunto - duplicou, no mínimo. Agora pergunto aos Srs. Vereadores, uma conta que até imbecil faz, não é o nosso caso: então, dobrou a área construída? Se a tendência é aumentar muito mais, dobrou o número da área verde, de parques e de praças se dobrou o concreto? Mas isso não aconteceu. Então está certo o Ver. Gerson Almeida, a questão é a forma de implementar isso, Ver. Elói Guimarães. Vejo que o Ver. Elói Guimarães me segue, está atento à nossa argumentação. É um problema fazer isso? É um problema fazer isso! Só lembro ao Ver. João Dib que a Lei Orgânica do Município ora em vigor, que nós ajudamos a elaborar, reza que no prazo até o ano 2000 Porto Alegre deverá ter no mínimo doze metros quadrados de área verde por habitante, e quase todos nós aqui votamos essa lei, discutimos, rediscutimos, trediscutimos, analisamos, passamos madrugadas nas Comissões, no Plenário e aprovamos isso aí. Creio que essa é a forma, quero apoiar o Ver. Gerson Almeida mas quero, ao mesmo tempo, apoiar o veto. Quem está preocupado com o lazer da criança, do adolescente, da terceira idade, da cidadania em geral deve-se preocupar principalmente com essas questões, e não ficar com picuinha, fazendo profissão de fé e depois se desinteressando completamente das questões macro, das grandes questões que verdadeiramente interferem na intenção daqueles que querem-se fazer aqui de paladinos do espaço verde, do direito de lazer e preservação das crianças. Esse lazer não se dá dentro de edifício nem de condomínio, ele se dá nas grandes áreas públicas de lazer e de preservação Isto não foi dito por ninguém da oposição. Fiquei esperando, não resisti e tive que pedir a palavra.

Concedo o aparte ao nobre Ver. João Dib.

 

O Sr. João Dib: Nobre Ver. Giovani Gregol, um dos méritos do Secretário Newton Burmeister é ter nascido em Vacaria. Mas, fico preocupado com V. Exa. quando V. Exa. diz que a Cidade não tem o verde necessário, quando o Secretário do Meio Ambiente dizia que esta Cidade tem mais verde do que todas as outras cidades do Brasil, o que é verdade. É uma cidade maravilhosa em matéria de área verde.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Não vou entrar no caso, porque depende do critério que se usa. É outra questão que, se formos analisar com bom senso, vamos ver que, por exemplo, Curitiba, durante muito tempo, foi considerada como a cidade de maior área verde do Brasil, só que os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba calculavam por média, em computador, a área das copas das árvores, na cobertura, como área verde, e dividiam pelo número de habitantes. Daí, dava como sendo a maior área verde por habitante do Brasil. Nesta época eu era Secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre e tive a oportunidade de dar entrevistas, inclusive para a imprensa nacional, dizendo que não pode ser feito assim, que é manipulação de dados. Não sei se Porto Alegre tem a maior área verde, nem me interessa. Quero saber é se ela tem o suficiente. Não quero saber se tem mais ou se tem menos. Quero saber se tem o suficiente e se essa área está crescendo. Este é o dado importante: se essa área está crescendo na mesma proporção que a malha urbana. Este é o dado principal, e vamos ver que, no Brasil, praticamente em nenhum lugar - e posso afirmar com certeza porque há vinte anos estudo o assunto - isto acontece. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL nº 158/97 - veto total.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Acompanha os debates desta o Ver. Paulo Salamuni, de Curitiba, também, coincidentemente, nosso colega de Procuradoria, pois é Procurador lá no Município de Curitiba. Como nós ele também, como de resto os Legisladores Municipais, há situações de verdadeiras angústias, porque o Legislador Municipal, no afã, na procura de apontar para problemas os mais variados, ele se angustia e muitas vezes, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, produz matérias que não se encartam, não se ajustam às competências, no caso a competência municipal. E eu tenho, Ver. Paulo Salamuni, preconizado tanto quanto possível que se utilize um instrumento que têm os Legislativos Municipais que são os denominados Pedidos de Providências. Em algumas oportunidades, eu até fiz Pedidos de Providências onde eu elaborei o texto de lei, o texto do Projeto de Lei, exatamente em função dessa questão da legalidade, da constitucionalidade. É bem verdade que a partir da Constituição de 88 se passou a ter uma nova compreensão a respeito. Na minha opinião os Municípios cresceram, alargaram-se os seus limites de competência, mas nós não podemos fugir evidentemente dos parâmetros e balizamentos que nos oferecem a Constituição Federal, as Constituições Estaduais e temos que nos limitar à questão local, às questões que são privativas, enfim, às questões que são do âmbito do Município, e nesse sentido nós enfrentamos estas questões. Eu entendo que a oposição, como assim poderíamos colocar, deve trabalhar quando assim desejar fazer oposição naquilo que tenha estribo, que tenha chão, porque aí se faz uma oposição bem arregimentada. Não devemos, de opinião, fazer uma oposição, votar só por votar contra. Parece-me que enfraquece todo o debate que se realiza em qualquer Legislativo Municipal. Acusou-se muito o Partido dos Trabalhadores, na Assembléia Legislativa, porque votava contra tudo e todos. Se é contra o Governo A, então é todo mundo contra o Governo A. Eu não adoto essa postura, o meu Partido não adota a postura de ser contra, se é o partido A que está Governo, somos contra, não, absolutamente. Eu acho que temos que analisar cada caso, no sentido de tomar as decisões sempre assentadas na verdade, no interesse maior da Cidade, seja o Governo que for, seja o Prefeito que for, seja o Governador que for. Essa tem sido a linha que eu tenho adotado, tanto quanto possível. É evidente que a questão política pulula nos Legislativos e ela é provocante em determinadas circunstâncias. Nós temos que ter esse norte, principalmente em matérias dessa natureza, que são matérias que o Prefeito Municipal muitas vezes, mesmo querendo sancionar, não pode porque ele esbarra nos limites imodificáveis da competência. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto que se discutiu tanto, talvez por isso ele apresente dificuldades, é um Projeto que esbarra na questão da competência. A matéria é de estrita competência da União. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o PLL nº 158/97 - veto total, Proc. 2666/97. (Após a chamada.) REJEITADO o Projeto por 9 votos SIM, 18 votos NÃO, 1 ABSTENÇÃO. Aceito o veto.

 

O SR. 1 º SECRETÁRIO: Declaração de voto do Ver. João Antonio Dib. (Lê.)

“Declaração de Voto

O Projeto mostra a falta de coordenação entre a Bancada do PT e o Prefeito. Não cabe a este Vereador consertar o desacerto, razão por que abstive-me de votar.

                                                                                       (a) Ver. João Dib”

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 0525/98 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 011/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que obriga o Executivo Municipal a implantar placas de sinalização indicativa de rotas alternativas em casos de alagamentos nas vias públicas de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Guilherme Barbosa: pela manutenção do Veto Total;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antônio Losada: pela manutenção do Veto Total;

- da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 011/98 - veto total. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, já dissemos ao nobre Vereador Cláudio Sebenelo que o objetivo do Governo Municipal, da nossa administração, é fazer com que não haja nenhum problema que possa, porventura, trazer alagamentos para a nossa Cidade. Nós estamos fazendo obras históricas, estamos consertando muitos esgotos que com o passar do tempo se deterioraram. Nós estamos implantando um processo de educação ambiental com o slogan “arroio não é valão”, para que as pessoas não depositem lixo nesses córregos, nesses riachos. Ou seja, o nosso objetivo é uma cidade com tranqüilidade, que, mesmo com intempéries, com chuvas, no inverno, possamos ter trafegabilidade, que a água não entre na casa das pessoas, porque o que os Vereadores têm que cobrar do Executivo são obras, são atividades públicas que coíbam os alagamentos, e não fazer um Projeto de Lei, meu caro Vereador, com todo o respeito, eu sei que V. Exa. tem uma preocupação com a questão da saúde, com a questão ambiental, mas não cabe esse procedimento. Isso poderá ser uma exceção ou outra em algum lugar da Cidade onde, porventura, ainda não tenhamos resolvido esse problema. Portanto, caberia um Pedido de Providências para casos específicos.

Eu chamo a atenção dos Vereadores para que nós rejeitemos esse Projeto, meu caro colega Ver. Cláudio Sebenelo, e que cobremos do Executivo, portanto, as obras quando de fato há problemas, caso contrário não há sentido. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação nominal o PLL nº 011/99 - veto total. (Após a chamada.) 12 votos NÃO, 02 ABSTENÇÕES. Não havendo quórum, está anulada a votação.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h.)

 

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